SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O espetáculo “Réquiem SP”, do Balé da Cidade de São Paulo, causou revolta em parte do público do Festival de Dança de Joinville no último domingo (27) e em políticos da cidade. Atração principal da Noite de Gala, a tradicional companhia paulista foi uma das convidadas a se apresentar na programação oficial do evento.

O balé estreou em 2025 no Theatro Municial de São Paulo, com direção do uruguaio Alejandro Ahmed. É composto por diferentes gêneros de dança, como o clássico, o jumpstyle e as danças urbanas populares. A música é composta por batidas eletrônicas e a partitura clássica “Réquiem” de György Ligeti, que inspira o diretor.

Nas redes sociais, enquanto alguns elogiam a obra, outros usuários descrevem a apresentação como “perturbadora” e um “show de horrores”. O vereador Pastor Ascendino Batista (PSD) publicou uma nota de repúdio em suas redes sociais, em que diz: “Não ao satanismo disfarçado de arte”.

Nesta segunda-feira (28), a A Câmara de Joinville aprovou por unanimidade uma moção de repúdio, proposta pelo vereador Brandel Junior (PL), à apresentação. Na tribuna, ele disse que o espetáculo “estraga o nome da cidade, onde acontece um lindo festival de dança” e criticou a censura de 10 anos de idade.

“Joinville é uma cidade de fé, de valores, de respeito. E não vamos aceitar esse tipo de conteúdo sendo aplaudido como arte”, escreveu o vereador nas redes sociais.

Presencialmente, contudo, os bailarinos foram assistidos e aplaudidos pela grande maioria do público de 4.000 pessoas, segundo relatos ouvidos pela Folha e vídeos que retratam o fim do espetáculo. Aqueles que saíram antes foram, em sua maioria, pais acompanhados de crianças, que ficaram assustadas.

O Festival de Dança de Joinville não se pronunciou sobre o caso. O evento ocorre de 21 de julho a 2 de agosto e tem ainda a mostra competitiva, cursos e apresentações gratuitas. A Escola do Teatro Bolshoi no Brasil e o Grupo de Dança D.C. – Dissídio Coletivo também se apresentaram como convidados.

Alejandro Ahmed disse que recebeu com surpresa as críticas e a moção da Câmara, considerando que foram utilizadas composições clássicas de Gyorgy Ligeti, tocadas pela Orquestra Sinfônica Municipal e pelo Coral Paulistano em sua estreia.

Ahmed assumiu a direção do Balé da Cidade de São Paulo em 2023 e vem investindo em recursos tecnológicos em seus espetáculos. O público habitual do Theatro Municipal, contudo, já vinha relatando estranhamento com as montagens do diretor e coreógrafo.