BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Jair Bolsonaro (PL) participou de uma motociata, na tarde desta terça-feira (29), em Brasília, ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ambos cotados para substituí-lo nas urnas na eleição de 2026, já que o ex-presidente está inelegível.
A motociata faz parte das mobilizações bolsonaristas previstas como resposta ao cerco do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), ao ex-presidente. Depois de o ministro ameaçar prendê-lo na semana passada, Bolsonaro apenas acenou e sorriu para os apoiadores, sem fazer discurso.
Em vez de pilotar uma moto, ele participou de cima de um pequeno carro de som, que seguiu à frente das motos por um trajeto da Granja do Torto até a rodoviária, sem passar pela Esplanada dos Ministérios. O ex-presidente desceu na rodoviária e entrou em seu carro, enquanto as motos seguiram de volta para a Granja do Torto.
Também estavam no carro de som os deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Hélio Lopes (PL-RJ), além do senador Marcos Rogério (PL-RO).
O ato de apoio teve início no Capital Moto Week, na Granja do Torto, e foi inflado pelos participantes do festival anual de motos e rock, que promove eventos e shows ao longo de uma semana. Bolsonaro já participou de outras edições do festival, em 2019 e 2023, por exemplo.
As motociatas passeios de motocicleta com centenas de apoiadores viraram um dos símbolos de seu período na Presidência e foram promovidas em todas as regiões do país entre 2021 e 2022.
Segundo aliados, o ex-presidente evitou andar de moto porque sua condição de saúde não permitiria. Pela manhã, ele afirmou que não iria participar de moto por causa de uma “medida restritiva da dona Michelle”.
Em meio ao desgaste causado pelo tarifaço imposto ao Brasil por Donald Trump por influência da família Bolsonaro, o ex-presidente foi alvo, no último dia 18, de uma operação da Polícia Federal e agora tem que obedecer a uma série de restrições, como usar tornozeleira eletrônica, não utilizar redes sociais, não sair de Brasília e não se aproximar de embaixadas.
Na motociata, além de bandeiras do Brasil, ambulantes vendiam bandeiras dos Estados Unidos e de Israel na concentração do ato. Havia um cartaz de apoio a Bolsonaro e Trump, apesar do tarifaço ”Bolsotrump” e “Trumpnaro” eram os dizeres.
Cercando Bolsonaro, os apoiadores tiravam fotos e pediam que ele voltasse para a Presidência da República em 2026, ignorando a inelegibilidade do ex-presidente estratégia que o próprio também tem adotado. Também houve gritos de “liberdade” em uma crítica às medidas impostas por Alexandre de Moraes.
Depois de Bolsonaro falar com jornalistas e exibir a tornozeleira no último dia 21, Moraes afirmou que o ex-presidente descumpria as determinações, ameaçou prendê-lo e proibiu que Bolsonaro concedesse entrevistas que fossem divulgadas nas redes sociais de terceiros.
Ao esclarecer a decisão a pedido da defesa do ex-presidente, Moraes afirmou que Bolsonaro não está proibido de dar entrevistas ou discursos públicos; o veto está relacionado à “utilização de subterfúgios para a manutenção da prática de atividades criminosas”.
Bolsonaro também está sendo obrigado a permanecer em casa todos os dias à noite e nos finais de semana. Uma de suas poucas aparições públicas nos últimos dias foi o comparecimento a um culto em Taguatinga (DF) na última quinta-feira (23), na Igreja Casa da Bênção.
Na ocasião, ele chorou durante pregação de Michelle.
Além da motociata, os bolsonaristas organizam atos de apoio ao ex-presidente em diversas cidades do país no domingo (3). As mobilizações são consideradas uma espécie de “esquenta” para atos no feriado de 7 de Setembro.