SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A USP (Universidade de São Paulo) anunciou Eric Klug como o novo superintendente de seu Fundo Patrimonial.

Klug, que já presidiu a Japan House, dirigiu o Museu da Língua Portuguesa e o Conselho Britânico, vai ter como principal missão gerir as verbas, assim como participar da busca por novos recursos.

O fundo, que existe desde 2023, possui atualmente cerca de R$ 25 milhões. Ele funciona no modelo de endowment, ou seja, apenas os rendimentos desse valor total são utilizados.

O modelo é inspirado em fundos adotados por outras universidades ao redor do mundo, como o de Harvard (EUA), que existe há mais de quatro séculos.

“Esses fundos nos Estados Unidos são históricos e muito antigos. Séculos depois, estamos seguindo”, diz Klug. “Essa decisão não vem de nenhuma crise, nenhuma necessidade específica, mas da maturidade de podermos contar com a sociedade civil para custear projetos.”

Nomes como Celso Lafer, Neca Setubal e Candido Bracher estão entre os patronos do projeto. O fundo apoia programas culturais, científicos e sociais, como a bolsa de incentivo para alunos cotistas da USP se manterem durante os estudos.

O novo superintendente diz que a cultura de doações no Brasil ainda não é tão enraizada quanto em outros países, mas afirma que ela já ocorre em situações de tragédias e também para fins religiosos.

“É um momento em que a sociedade se volta para um assunto e, realmente, investe tempo, dinheiro e recursos. Agora, temos que criar a cultura do alumni [ex-aluno], em que a pessoa estudou na USP gratuitamente, fez uma carreira proveitosa -em termos financeiros e para a sociedade- e diga: ‘Eu quero devolver um pouco disso para a USP’.”

Klug diz acreditar que esse movimento já está em curso. O fundo já está em contato com alguns ex-alunos para possíveis doações, e deve fazer uma campanha focada nesse grupo.

“Temos mais ou menos 140 mil nomes de pessoas que estudaram na USP em diversas épocas e que serão convidadas a se engajar conosco, mas é realmente uma mudança de perspectiva”, diz. Ele cita que, entre os atuais patronos, nem todos têm vínculo direto com a universidade, mas entendem “a importância da USP no panorama científico brasileiro”.

Para ele, essa mudança de perspectiva é uma missão do fundo, que pretende incentivar uma nova forma de pensar e engajar a sociedade na manutenção de projetos da USP.