Walison Veríssimo

Enquanto o governo federal ainda avalia como enfrentar o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) movimenta-se nos bastidores para transformar uma de suas principais vitrines econômicas em ativo estratégico no debate nacional de olho nas eleições presidênciais em 2025: as jazidas de terras raras e outros minerais críticos encontrados em Goiás.

O estado entrou no radar de países como EUA, Japão e China por abrigar depósitos relevantes de minerais usados na indústria de alta tecnologia, incluindo lítio, nióbio, cobre, níquel, ouro e os próprios elementos de terras raras. “Goiás tem o novo petróleo do mundo”, resumiu Joel Sant’Anna, secretário de Indústria e Comércio, durante entrevista à um potal de Goiânai. “A missão ao Japão revelou que, além das terras raras, os japoneses veem valor no concentrado para motores e baterias locais.”

Capacidade de negociação

Com o acirramento da disputa geopolítica entre as potências pelo controle da cadeia mineral, Caiado passou a ser visto como peça-chave nesse jogo. Foi sua articulação que trouxe para Goiás o laboratório mais moderno do país para análise de terras raras, com investimento de R$ 30 milhões, além da costura de parcerias com investidores japoneses que pretendem processar o mineral no estado.

“Hoje temos quatro mercados disputando nossas terras raras: EUA, China, Europa e Japão”, disse Joel Sant’Anna. “Goiás virou um cartão sobre a mesa de negociações.” A estratégia do governo estadual é clara: agregar valor localmente à produção mineral e atrair tecnologias de processamento, reduzindo a dependência da China.

Caiado no tabuleiro nacional

A postura ativa do governador ocorre num momento em que Ronaldo Caiado amplia sua presença política nacional. Presidenciável declarado de olho nas eleições de 2026, o governador tem usado temas como segurança, saúde e agora a mineração como bandeiras para defender um projeto de país.

Nos bastidores, integrantes do União Brasil avaliam que o domínio de Goiás sobre parte relevante das reservas brasileiras de minerais estratégicos pode colocar Caiado como figura central em futuras negociações com o governo federal ou até com países estrangeiros. “Não podemos vender só matéria-prima. Precisamos licenciar para quem traga tecnologia e gere emprego aqui dentro”, reforçou o secretário Joel.