Da Redação
Durante participação no evento Expert XP, realizado em São Paulo, os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Júnior (PR) e Ronaldo Caiado (GO) manifestaram preocupação com os impactos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e criticaram o que consideram uma falta de articulação do governo federal para contornar a situação.
Ratinho Júnior defendeu uma abordagem pragmática e afirmou que o Brasil deveria seguir o exemplo de outras nações que já iniciaram conversas bilaterais com os EUA. “É preciso diálogo. Falar em desdolarização do comércio é um erro estratégico. Nem China e Rússia trilharam esse caminho. A relação Brasil-EUA é maior do que qualquer liderança política do passado”, afirmou, em alusão ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Já Tarcísio alertou para os efeitos econômicos diretos em São Paulo, caso as tarifas sejam mantidas: ele estima a perda de até 120 mil empregos no estado, principalmente em setores que dependem de insumos importados dos EUA. Segundo o governador, o estado prepara ações para mitigar os efeitos, como a liberação de créditos acumulados de ICMS. “Estamos em contato com empresas e representantes americanos, buscando sensibilizar o governo dos EUA sobre a gravidade do cenário. Enquanto isso, aqui dentro, tudo vira palanque político”, criticou.
O mais contundente nas críticas foi Ronaldo Caiado. O governador de Goiás acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negligenciar a diplomacia e de priorizar embates ideológicos. “O governo federal não tem interesse em resolver a situação. Lula ignora os canais diplomáticos e usa o tema para alimentar a polarização. Não houve consulta aos estados e sequer há presença de ministros da área econômica no debate. Ele atua como marqueteiro, não como chefe de Estado”, disparou.
Caiado também questionou a autoridade do presidente para falar em soberania nacional, lembrando declarações polêmicas de Lula sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia: “Quem bate palma para invasão não tem legitimidade para falar de soberania”.
O tom unificado das críticas sinaliza um incômodo crescente entre governadores, inclusive de diferentes espectros políticos, com a condução da política externa e comercial do governo federal diante da escalada tarifária promovida por Washington.