SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Investidores interessados em títulos públicos como o Tesouro Selic ou o IPCA+ e que buscam adquirir os papéis por meio de uma corretora podem se deparar com a cobrança de taxas. Apesar de a prática ter caído em desuso nos últimos anos, a tarifa ainda é praticada no mercado.
São duas as taxas cobradas nessas operações: a taxa de administração (ou da corretora) e a de custódia. Também pode haver incidência de IR (Imposto de Renda) e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
A taxa das corretoras é cobrada pelas instituições financeiras e pode chegar a 0,5% ao ano. Segundo dados do Tesouro Direto, a maioria das instituições, contudo, não faz mais a cobrança.
Dados de abril deste ano mostram que, entre os bancos e corretoras com maior número de transações envolvendo investimentos do Tesouro, nenhuma realiza a cobrança. São os casos da XP, Nubank, Inter, Itaú e Banco do Brasil.
Segundo Rafaela de Sá, planejadora financeira CFP pela Planejar, as instituições pararam de cobrar a tarifa com a popularização das fintechs.
“O objetivo foi tornar o Tesouro mais acessível, especialmente para o pequeno investidor, como porta de entrada para o mercado financeiro”, diz.
Para ela, a concorrência entre as corretoras, a maior democratização aos investimentos e o baixo custo operacional dos títulos públicos foram fatores que também contribuíram para a cobrança cair em desuso.
Para evitar a taxa de corretagem, o mais aconselhado é optar por instituições financeiras que não façam a cobrança. A plataforma do Tesouro Direto disponibiliza a lista completa dos bancos e corretoras habilitados para operar os títulos públicos (e os que cobram ou não taxa para realizar o serviço).
Em abril de 2025, 32 milhões investidores estavam cadastrados na plataforma do Tesouro Direto 3 milhões estavam ativos na plataforma. O número representa um aumento de 13,6% nos últimos doze meses. Os cadastros durante o mês totalizaram 231 mil.
Apesar de não ser popular, a taxa de corretagem ainda existe. A tarifa varia de 0,15% a 0,5% ao ano entre as corretoras que a cobram. A taxa da corretora Amaril Franklin, por exemplo, é de 0,3% ao ano. Na corretora do Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul), há cobrança de 0,5% para clientes com assessores ou que utilizam mesa de operações. Já a taxa da Mundinvest é entre 0,3% e 0,5% ao ano.
A taxa de custódia, por sua vez, é de 0,2% ao ano, feita pela B3 (a Bolsa de Valores do Brasil) e calculada sobre o valor dos títulos diariamente, seja Tesouro Selic, IPCA ou Prefixado. A tarifa é cobrada em caso de venda antecipada, vencimento do ativo ou pagamento de juros.
Investidores que tenham aplicações de até R$ 10 mil no Tesouro Selic ficam isentos desta taxa. Acima desse valor, a tarifa de custódia é cobrada sobre o excedente. Ou seja, se o investidor tiver R$ 11 mil, a taxa incidirá sobre R$ 1.000 (0,2% de R$ 1.000 é R$ 2,00).
Além das taxas, há cobrança de IR e IOF sobre títulos do Tesouro. Os investimentos do Tesouro seguem a alíquota regressiva de Imposto de Renda, o que beneficia o investidor a manter a aplicação por mais tempo.
O imposto incide sobre os rendimentos no período em que o dinheiro ficou aplicado, não sobre o valor total e é cobrado de maneira automática no vencimento ou resgate do ativo.
– 180 dias ou menos – alíquota de 22,5%
– 181 a 360 dias – alíquota de 20%
– 361 a 720 dias – alíquota de 17,5%
– 721 dias ou mais – alíquota de 15%
A cobrança do IOF também incide sobre a rentabilidade de investimentos, mas apenas em resgates realizados em menos de 30 dias. O investidor que mantiver o dinheiro aplicado por mais de um mês fica isento.
CONHEÇA OS TÍTULOS DO TESOURO
O Tesouro Selic, IPCA, Prefixados, Renda+ e Educa+ são os títulos disponíveis na plataforma do Tesouro Direto.
O Tesouro Selic, um título pós-fixado, tem rentabilidade atrelada à taxa Selic, hoje em 15% ao ano. Os títulos prefixados são aqueles com taxa de juros fixa, ou seja, o investidor já sabe o valor quando decide comprá-los. A rentabilidade anual deles variou entre 13,52% e 13,81% na última semana.
O título IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acompanha o índice da inflação, mais uma taxa prefixada de juros (que chegou a 7,5% na última semana).
Também existem os títulos temáticos Educa+ e Renda+,cujos focos são na aposentadoria complementar e na educação universitária dos filhos (ou a do próprio poupador). Eles acompanham o IPCA e têm rentabilidade adicional de até 7,93%. Esses títulos têm diferentes vencimentos, que vão até 2065.
A planejadora financeira Rafaela de Sá classifica os títulos do Tesouro como seguros, acessíveis e diversos, mas vê alguns riscos.
“O investidor deve evitar o resgate antecipado, especialmente se o título estiver desvalorizado para não ter perdas com a marcação a mercado. O ideal é alinhar cada título ao prazo e objetivo que se tem com o ativo”, afirma.
Ela aconselha o Tesouro Selic para reservas de emergência, IPCA+ para uma renda extra e Prefixado para casamento ou compra de imóvel, “com vencimento próximo ao objetivo”.
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COMO COMPRAR TÍTULOS NO TESOURO DIRETO
1 – Acesse o site do Tesouro Direto e faça o cadastro. O investidor pode utilizar o login da plataforma gov.br para facilitar o processo;
2 – Informe seus dados e escolha uma instituição financeira;
3 – Feito o cadastro, selecione a opção “investir” para ver a lista de títulos disponíveis. Também é possível selecionar os títulos temáticos como Educa+ e Renda+
4 – Após escolher o título, o investidor deve selecionar o carrinho, inserir o quanto deseja investir e clicar na opção “ir para pagamento”;
5 – O investidor deve selecionar uma instituição financeira e o método de pagamento.