SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morreu nesta sexta-feira (25) o empresário Roberto Loscalzo, 81, que fundou a pizzaria Veridiana há 25 anos. A causa da morte foi uma pneumonia.

A primeira de três unidades da Veridiana nasceu em 2000, planejada em um casarão de 1903 em Higienópolis que trouxe verde para dentro de um salão de pé direito alto em ambiente ao mesmo tempo amplo e aconchegante.

Foi justamente a combinação de pizzas feitas com ingredientes de boa procedência e salão agradável, com piano de cauda e adega bem fornida, que se tornou marca da pizzaria —uma configuração ainda rara nas pizzarias da época.

Célia Alves, mulher de Roberto que ajudou a dar forma à pizzaria, conta que esse espírito já fazia parte do primeiro empreendimento do casal: um negócio dentro de um clube de tênis, que começou com rodadas informais de brusquetas para os amigos.

“Começou a ter muita demanda, então o Roberto decidiu instalar um forno de pizza ali. A gente não tinha um tostão, então eu levava uns jogos americanos, uns castiçais na mesa, uns arranjos. E isso desembocou na Veridiana”, diz Célia.

Antes, entretanto, o casal havia fundado a Via Blu, pizzaria que funcionava no Itaim Bibi em espaço generoso, com ares de villa italiana, como escreveu em 1998 Josimar Melo, crítico da Folha.

O imóvel instalado na Dona Veridiana passou por uma reforma de dez meses até abrir. Desde o empreendimento no clube, Célia havia se tornado florista. Por isso, ficou sob sua responsabilidade fazer o paisagismo interno da parede de 15 metros de altura da Veridiana. “O Roberto não era arquiteto, mas tinha uma visão arquitetônica de tudo.”

O casarão acabou sendo tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) pelo restauro.

Todos os dias, fotos das primeiras pizzas a serem feitas eram enviadas para Roberto, que conferia se a muçarela havia derretido corretamente e se o tamanho da borda era o adequado.

Mesmo assim, junto do sócio Tonino Grieco, visitava o negócio que fundou todas as noites. “É uma loucura, esse homem ficou comendo pizza todas as noites. E isso lhe rendeu uns quilos a mais”, relembra Célia.

Hoje, a operação é tocada por uma geração mais jovem –sua filha Nina Loscalzo e o quarto sócio, Jeremias Pereira.

Sem deixar a tradição de lado, Nina e Jeremias trouxeram novos ares à pizzaria, que ocupa o 11º lugar na seleção 50 Top Pizza America Latina e, com isso, vai participar da seleção mundial organizada pelo prêmio.

Em junho, a pizzaria iniciou um festival para celebrar seus 25 anos com a participação de chefs de peso: Tássia Magalhães, do Nelita, Luiz Filipe Souza, do Evvai, Pier Paolo Picchi, do Picchi Restaurante, Marco Renzetti, do Fame Osteria e Nino Cucina, e Bia Limoni, do Shihoma Pasta Fresca.

Antes das pizzarias, Roberto já havia empreendido: foi dono da famosa boate Tonton Macoute, no fim dos anos 1960, e também da Mau Mau.

Roberto deixa a mulher, Célia, e quatro filhos.