SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Após uma audiência de custódia, a Justiça decretou neste domingo (27) a prisão preventiva de Matteos França Campos, 32, suspeito de matar a própria mãe, a professora Soraya Tatiana Bomfim, 56, após uma “discussão acalorada” em razão de dívidas com bets.

Detido desde sexta-feira, Campos teve a prisão preventiva decretada hoje pela juíza Juliana Beretta Kirsche. A prisão dele é temporária, ou seja, válida por 30 dias com possível prorrogação por igual período, disse a Polícia Civil. O processo tramita em segredo de Justiça.

O advogado de Campos pediu sua transferência. “Pedimos a transferência dele do Ceresp [Centro de Remanejamento do Sistema Prisional] Gameleira ele pois está sendo ameaçado de morte”, disse à reportagem o advogado Gabriel Arruda. Ele deseja que Campos seja levado para um “presídio ou penitenciária”.

A professora foi encontrada morta na manhã de domingo. O corpo foi deixado em Vespasiano (MG), região metropolitana de Belo Horizonte.

ENTENDA O CASO

Campos confessou que matou a mãe enforcada na casa onde eles moravam. A Polícia Civil ainda aguarda os laudos periciais para confirmar a versão. Exames indicam que a vítima não foi abusada sexualmente, embora o corpo tenha sido encontrado seminu, vestido apenas com a parte de cima da roupa.

Ele disse que a briga ocorreu por causa de dívidas de apostas online e empréstimos consignados. Embora as discussões entre os dois fossem frequentes, não há registro criminal de conflitos entre os dois.

O filho afirmou à polícia que surtou durante uma briga no dia 18 em razão dessas dívidas. O preso não revelou o valor delas.

O celular dele foi apreendido. A polícia vai apurar se Campos têm dívidas em bancos e se há comprovações dos gastos dele com apostas. A investigação aponta que mãe e filho tinham rendas próprias. Até o momento, a polícia não sabe se ele exigia dinheiro dela para pagar as dívidas.

A apuração preliminar indica que Campos agiu sozinho. A polícia também informou que o filho usou o carro da vítima para desovar o corpo em outra cidade no mesmo dia do crime. Ele ainda disse que colocou o corpo da mãe no porta-malas do automóvel, mas uma perícia seá realizada no veículo para saber se a versão é verdadeira.

Investigadores tentam descobrir se o crime foi planejado —o que ele nega. As autoridades também dizem que a viagem de Campos com amigos no dia 18, quando o crime ocorreu, também foi planejada previamente.

Campos perdeu o emprego. Após a prisão, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, do governo estadual, anunciou que o suspeito será exonerado da pasta.

PRIMEIRA VERSÃO DE CAMPOS

Em sua primeira versão, Campos disse que discutiu com a mãe no dia anterior ao crime. Como ela não teria respondido às mensagens enviadas por ele, no dia seguinte ele teria retornado à cidade para falar com a mãe. Ao chegar em casa, teria se deparado com tudo arrumado e o carro na garagem. Os óculos, o celular e as chaves dela, porém, haviam sumido.

O filho relatou à PM ter feito contato com hospitais e IML, mas sem sucesso. Ele também disse ter pedido as imagens das câmeras de segurança de vizinhos, que mostraram dois carros suspeitos parados em frente à casa, na quinta. Apesar disso, não teria sido possível identificar as placas dos carros e quem entrou e saiu dos veículos.

Campos ainda teria acessado o WhatsApp da mãe, que estava conectado a um notebook. Ele disse, no entanto, não ter encontrado nada suspeito. No entanto, segundo a polícia, o servidor público mudou a versão e confessou o assassinato.