SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Agentes do 37° Distrito Policial, com acompanhamento da Corregedoria da Polícia Militar, cumpriram na manhã deste sábado (26) mandados de busca e apreensão contra policiais militares envolvidos na morte do policial civil Rafael Moura da Silva, 38, no último dia 11.

O policial civil foi baleado por um PM da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, tropa de elite da PM paulista) quando participava de uma ação na favela do Fogaréu, na região do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. Ele morreu cinco dias depois.

Um vídeo da câmera corporal do sargento Marcus Augusto Costa Mendes, 25, gravou o momento no qual ele encontrou e atirou contra o policial.

Além do disparo, as imagens mostram também a reação da vítima e de seus colegas, além dos outros PMs envolvidos na operação.

A ação deste sábado teria sido realizada no próprio quartel da Rota e na casa do sargento. Questionada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) não confirmou os locais das buscas. Disse, em nota que as investigações prosseguem para o esclarecimento dos fatos. “Detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial”, afirmou.

O policial civil era agente de telecomunicações policial e atuava na Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco).

Silva e os outros policiais civis foram à favela verificar um suspeito de tentativa de latrocínio. Membros da Rota, que entraram por outro acesso, faziam patrulhamento na comunidade.

Baleado, Rafael foi socorrido pelos próprios policiais, que o colocaram na viatura da Rota e seguiram para o Hospital das Clínicas, em Pinheiros, zona oeste, a cerca de 20 km da viela onde foi baleado. O percurso teria sido feito em 20 minutos, de acordo com a defesa.

As imagens mostram o sargento Marcus Mendes circulando a pé pela favela, até virar um esquina e ver Rafael. É neste momento, aos 16 segundos da gravação, que ele dispara quatro vezes.

Após os dois primeiros tiros, Rafael grita “é polícia, é polícia”, e são ouvidos mais dois disparos. Depois disso, Marcus repete “é polícia” e diz ao PM Robson Barreto, que o acompanhava, para acionar o resgate.

Marcus fez o mesmo pedido aos policiais civis que estavam com Rafael na favela. Ele foi atingido no tórax, e outro agente, de raspão.

Em seguida, os policiais militares prestam os primeiros socorros a Rafael, e um dos agentes da Polícia Civil pergunta se a câmera estava gravando.

No último dia 21, a Justiça determinou o afastamento por 90 dias dos policiais militares envolvidos na ação que provocou a morte do policial civil.

A defesa dos policiais militares afirmou que o caso foi uma fatalidade, e que os disparos de Mendes foram feitos porque o policial civil não se identificou e apontou uma arma para o PM. Ainda segundo a defesa, Rafael estaria sem identificação e sem colete balístico no momento do encontro. “Embora o resultado seja triste, a tomada de decisão em atirar foi legítima, tanto que os policiais não foram presos em flagrante delito.”

As imagens da câmera corporal não permitem dizer se Rafael usava distintivo no momento em que foi alvejado. Outro vídeo mostra que os policiais civis usavam viaturas caracterizadas.