O aumento no número de casos de hepatites virais em Goiás reforça a necessidade de ampliar as ações de prevenção, testagem e vacinação. No Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP), unidade da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) construída e mantida pela Prefeitura e gerida pelo Einstein, os pacientes internados que apresentam fatores de risco para contaminação ou sintomas sugestivos realizam testagem de rotina para hepatites virais. Os casos positivos são encaminhados para tratamento gratuito no ambulatório do Serviço de Assistência Especializada (SAE) da prefeitura, localizado no Centro de Especialidades.

As hepatites dos tipos A, B e C são as mais comuns. A hepatite A é transmitida por via fecal-oral, geralmente associada a ambientes com condições precárias de higiene. Já as hepatites B e C são transmitidas pelo contato com sangue ou fluidos corporais contaminados, podendo ocorrer em situações como relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de seringas ou uso de instrumentos não esterilizados.

Dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram que, em 2020, Goiás registrou 189 casos de hepatite B, e 186 de hepatite C, com maior incidência entre homens de 20 a 49 anos. Em 2024, os números subiram para 368 e 427, respectivamente. As cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis concentram a maioria dos casos no estado.

Julho Amarelo 

O secretário de Saúde de Aparecida, Alessandro Magalhães, destaca que as ações permanentes realizadas na SMS contra as hepatites virais foram intensificadas ao longo desse mês na mobilização Julho Amarelo, dedicada à prevenção e controle dessas doenças. Os trabalhos incluem a ampliação das testagens rápidas, campanhas educativas e capacitação dos profissionais. “São medidas que visam também a conscientização das pessoas e são essenciais para garantir diagnóstico precoce, tratamento gratuito e proteção da saúde da população, ” enfatiza Alessandro.

“As hepatites virais são doenças silenciosas e perigosas. Muitas vezes, o diagnóstico só ocorre quando o fígado já apresenta comprometimento grave, como cirrose ou câncer hepático. Por isso, a testagem é fundamental”, alerta a médica gastroenterologista do HMAP, Isabelle Pina.

Os sintomas variam conforme o tipo de hepatite. A hepatite A, geralmente apresenta sintomas como náuseas, vômitos, febre, dor abdominal, urina escura, pele amarelada (icterícia) e, em alguns casos, coceira na pele. Após cerca de duas semanas, a maioria dos pacientes recupera-se sem complicações. Casos graves, como insuficiência hepática fulminante, são raros e representam menos de 1% dos casos.

Já as hepatites B e C costumam evoluir de forma silenciosa e assintomática por anos. Os sintomas surgem, geralmente, quando o fígado já apresenta comprometimento, como cirrose ou até câncer hepático. Nesses casos, podem ocorrer acúmulo de líquido na barriga (ascite), icterícia, sangramentos digestivos e confusão mental (encefalopatia hepática). Em situações mais raras, principalmente em crianças, a hepatite B pode causar falência hepática aguda.

O Brasil é signatário da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de eliminar as hepatites virais até 2030, por meio da ampliação da vacinação, do acesso à testagem e do tratamento gratuito. Para a médica, além dos testes oferecidos nas unidades básicas de saúde, Unidades de Pronto Atendimento e hospitais, é essencial fortalecer a conscientização da população. “Muitas pessoas convivem com o vírus sem saber. Testar é um ato de cuidado consigo e com a saúde pública”, destaca Isabelle.

Entenda os tipos de hepatite:
● Hepatite A: Transmissão fecal-oral. Prevenção com vacina e hábitos de higiene. Tratamento sintomático.

● Hepatite B: Transmissão por contato com sangue e fluidos corporais. Vacina disponível no SUS. Tratamento com antivirais.

● Hepatite C: Transmitida pelo contato com sangue e fluidos corporais. Não há vacina, mas o tratamento tem alta taxa de cura, apresenta pouquíssimos efeitos colaterais e é disponível pelo SUS de forma gratuita.

● Hepatite D: Acomete apenas quem já teve contato com vírus da hepatite B. A prevenção é feita com a vacina contra a Hepatite B.

● Hepatite E: Transmissão fecal-oral. Sem vacina disponível no Brasil. Na maioria dos casos, é uma doença autolimitada.

Fonte: Prefeitura de Aparecida de Goiânia