SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (25) que seu homólogo francês, Emmanuel Macron, é “um cara muito legal”, mas que o anúncio de que a França reconhecerá oficialmente o Estado da Palestina “não tem peso”.
“O que ele diz não importa”, afirmou o republicano a jornalistas na Casa Branca, em Washington, antes de embarcar para a Escócia. “Ele é um cara muito legal. Gosto dele, mas essa declaração não tem peso.”
Trump também disse que o grupo terrorista Hamas não quis chegar a um acordo de cessar-fogo com Israel. Na quinta-feira (24), Washington e Tel Aviv reconvocaram para consultas seus negociadores que trabalhavam para tentar chegar a um acordo na Faixa de Gaza, e o enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, acusou o Hamas de não agir de boa-fé.
“Acho que eles [terroristas do Hamas] querem morrer. Foi uma pena”, continuou Trump, afirmando que os integrantes do grupo serão caçados. “Eles sabem o que acontece depois que recuperamos os últimos reféns. E é basicamente por isso que eles não quiseram chegar a um acordo.”
O embaixador dos EUA em Israel, Mike Huckabee, também alfinetou Macron nesta sexta e sugeriu que o presidente ofereça uma parte do território da França para os palestinos de Gaza. “A ‘declaração’ unilateral de Macron sobre um ‘Estado palestino’ não disse ONDE ele seria. Agora posso revelar com exclusividade que a França oferecerá a Riviera Francesa, e a nova nação se chamará ‘Franc-en-Stine'”, escreveu ele no X, fazendo um trocadilho com a grafia francesa de “França” e “Palestina”.
O comentário sarcástico pode ser visto ainda como uma referência a uma declaração de Trump em que o republicano falou em assumir o controle da Faixa de Gaza e transformá-la em uma “Riviera do Oriente Médio”. A Riviera Francesa é uma famosa região costeira do sul da França banhada pelo mar Mediterrâneo, em que ficam cidades como Cannes, Nice e Saint-Tropez.
Com o anúncio da véspera, a França se tornou o primeiro integrante do G7 a tomar tal decisão, aplicando a Israel seu maior revés diplomático desde o início do conflito em Gaza.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que a decisão é “um tapa na cara das vítimas do 7 de Outubro”, a data dos atentados contra Israel que deram início à guerra atual, que “serve à propaganda do Hamas e que faz a paz retroceder”.
Macron afirmou que fará o anúncio formal de reconhecimento em setembro, na Assembleia-Geral das Nações Unidas, nos EUA. Ele publicou a carta que enviou ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, comunicando a decisão.
Nesta sexta, Abbas afirmou que o anúncio representou uma vitória. “Isso reflete o compromisso da França em apoiar o povo palestino e seus direitos legítimos sobre sua terra e sua pátria”, escreveu em nota.
A decisão do presidente francês aumenta a pressão diplomática que os países europeus vêm exercendo sobre Israel ainda que não tenham, por enquanto, colocado em questão as exportações de armas e a cooperação militar com Tel Aviv.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, reagiu rapidamente ao anúncio de Macron, repetindo o argumento de que, com o reconhecimento, a França “recompensa o terrorismo e arrisca a criação de outro aliado iraniano” que poderia ameaçar Israel. O ministro da Defesa, Israel Katz, disse que a decisão de Macron “é uma vergonha e uma rendição ao terrorismo”.
Também nesta sexta, uma autoridade israelense disse à agência de notícias AFP, sob a condição de anonimato, que as entregas aéreas de ajuda serão retomadas em Gaza. Israel lida com uma pressão internacional crescente devido à crise humanitária no território palestino.