SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Um grupo de criminosos fingiu ser da Policial Federal e abordou uma pessoa de alto poder aquisitivo, com antecedentes criminais, para oferecer falsa proteção e imunidade contra investigações que sequer existiam.
PF prendeu preventivamente nesta quinta-feira (24) o líder da facção criminosa, em Timóteo (MG), a 236 quilômetros de Belo Horizonte. O homem, que não teve a identidade revelada, também foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma. A corporação ainda cumpriu um mandado de busca e apreensão em Goiânia, onde o crime ocorreu.
Investigação foi iniciada em abril. Em nota, a PF disse que recebeu uma denúncia sobre a atuação do grupo nas imediações da Superintendência Regional em Goiás.
“CRIMINOSOS EXTORQUIRAM O PRÓPRIO CRIME”
Para o delegado Murilo de Oliveira, da Superintendência da PF em Goiás, “o que chama atenção nesse caso é justamente a escolha de pessoas criminosas como vítimas”. Em entrevista ao UOL, ele afirmou que “golpistas se passando por policial federal não são novidade, mas, em geral, eles extorquem empresários”, por exemplo, e não pessoas ligadas ao crime organizado.
Vítima é envolvida com facção criminosa. O homem foi condenado há mais de 20 anos por tráfico internacional de drogas, disse o delegado.
Escolha do alvo foi feita em fontes públicas. Segundo a investigação, os criminosos puderam acessar informações da vítima na mídia e em condenações abertas para consulta.
SUSPEITO PEDIU R$ 10 MILHÕES PARA FALSA PROTEÇÃO
Contato inicial foi com filha da vítima. O criminoso disse que era da PF e que queria marcar uma reunião com o advogado da vítima em um café ao lado da Superintendência da PF, em Goiás.
Suspeito pediu R$ 10 milhões para garantir falsa proteção e imunidade. De acordo com Oliveira, inicialmente, a investigação apura apenas um caso, mas os agentes acreditam se tratar de uma “cifra negra”, que é quando crimes não são relatados. Nesse caso, como as outras possíveis vítimas também seriam criminosas, elas podem não ter procurado a polícia.
Modus operandi implica investimentos. Também conforme o delegado da PF, os criminosos monitoraram a vítima por algum tempo, incluindo em viagens a outros estados, o que indica que a ação criminosa teve um custo alto e não seja isolada.
Criminosos vão responder por extorsão mediante fraude e usurpação de função pública. “As investigações prosseguem para identificar outros envolvidos e vítimas do esquema fraudulento”, afirmou a polícia. Espera-se que outras extorsões sejam descobertas na análise do material apreendido com o suspeito.