Da Redação
O planeta entrou em contagem regressiva. Segundo o geógrafo e professor da USP, Wagner Ribeiro, os próximos quatro anos serão decisivos para impedir que a crise climática atinja um ponto irreversível. A análise tem como base um novo estudo da Universidade de Leeds, no Reino Unido, que aponta o ano de 2028 como limite para uma redução drástica nas emissões de gases de efeito estufa.
Ribeiro destaca que os compromissos assumidos até agora por governos ao redor do mundo estão longe de serem suficientes. Apenas 25 países apresentaram metas atualizadas de redução (as chamadas NDCs), e apenas o Reino Unido possui um plano alinhado ao que a ciência considera minimamente eficaz. “É um reflexo da geografia: países mais vulneráveis, como ilhas e arquipélagos, tendem a agir primeiro. O problema é que a maioria ainda não se sente ameaçada — ou prefere ignorar”, afirma.
Para o professor, os eventos extremos que estamos vivendo já são sinais de que o futuro chegou antes do esperado. “Não é exagero. Estamos falando de dados sólidos, construídos com base em inteligência artificial, modelagens matemáticas e indicadores ambientais. O que antes era previsto para 2050, está começando agora”, alerta.
COP30: Brasil pode ser protagonista
Com a Conferência do Clima da ONU (COP30) marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), Ribeiro acredita que o Brasil tem uma oportunidade histórica: liderar a construção de um novo pacto climático mais ambicioso. “Como anfitrião, o país precisa assumir a frente das negociações e apresentar metas ousadas, que mobilizem outros governos”, defende.
A urgência se justifica: o relatório destaca que, sem ações imediatas, o mundo enfrentará uma intensificação de secas severas, enchentes destrutivas, aumento da temperatura global, acidificação dos oceanos e uma perda de biodiversidade em ritmo alarmante.
Além da ação governamental, Ribeiro aponta a força da sociedade civil como um vetor essencial de mudança. “Estamos vendo crescer a litigância climática, muitas vezes liderada por jovens. Essas mobilizações precisam de visibilidade, apoio e resultados concretos. O tempo é agora — e ele está acabando”, conclui.