da Redação
Um estudo recente do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) reacende o debate sobre a renúncia fiscal no setor agroindustrial. Segundo o levantamento, a JBS — maior produtora de proteína animal do planeta — deixou de recolher R$ 8,52 bilhões em tributos federais entre janeiro de 2024 e maio de 2025. O montante representa 68% do lucro líquido da companhia no mesmo intervalo, estimado em R$ 12,5 bilhões.
As isenções fiscais foram obtidas por meio de regimes especiais, como a desoneração de PIS/Cofins nas exportações e incentivos específicos voltados ao agronegócio. Só a holding JBS S/A, dona da marca Friboi, foi responsável por mais da metade da renúncia, somando R$ 5,28 bilhões. Outras empresas do grupo, como Seara Alimentos (R$ 2,47 bilhões) e JBS Aves, também aparecem entre as maiores beneficiadas.
Para críticos, o volume impressiona e expõe uma estrutura de incentivos desproporcional. “É um privilégio gigantesco. A JBS, sozinha, recebeu mais do que o orçamento anual de ministérios estratégicos, como o do Desenvolvimento Agrário ou do Meio Ambiente”, afirmou o engenheiro agrônomo Adalberto Floriano Greco Martins ao ICL Notícias.
Do total de tributos não pagos, 76% correspondem à Cofins. O restante se divide entre PIS/Pasep (16,5%), contribuição previdenciária patronal (5,8%) e outros tributos, como o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
No ranking de setores mais beneficiados por isenções fiscais, o de carnes ocupa o segundo lugar, com R$ 36,5 bilhões desde 2024 — atrás apenas do setor de fertilizantes (R$ 36,86 bilhões) e à frente dos agrotóxicos (R$ 27,9 bilhões).
O estudo levanta questionamentos sobre o equilíbrio das políticas fiscais no país e a necessidade de rever incentivos bilionários concedidos a empresas de grande porte em meio a restrições orçamentárias e desigualdades sociais.