Da Redação
Lideranças da saúde privada em Goiás acenderam o sinal vermelho diante da possibilidade de o Brasil adotar medidas de retaliação comercial contra os Estados Unidos. A preocupação é com a aplicação da chamada reciprocidade à tarifa de 50% imposta recentemente pelo governo americano sobre produtos brasileiros — o que pode afetar diretamente a importação de insumos e equipamentos essenciais utilizados em hospitais goianos.
O alerta foi formalizado em um documento entregue ao governador do estado, onde representantes do setor destacam os riscos de desabastecimento e impactos graves sobre o atendimento à população. De acordo com Thiago Salinas, CEO da indústria farmacêutica Halex Istar, um dos maiores gargalos é a dependência da embalagem de soro fisiológico, que vem diretamente dos EUA. “Esse é o principal custo do produto e não há alternativas viáveis a curto prazo. Mudar de fornecedor exigiria anos de análise e aprovação regulatória”, explicou.
Renato Daher, presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade de Goiás (Ahpaceg), também expressou preocupação. Ele afirma que a medida pode gerar consequências semelhantes às vividas durante a pandemia, como escassez e elevação nos preços de itens sensíveis, como imunoglobulina, contrastes usados em exames de imagem, além de peças e equipamentos de manutenção hospitalar.
“A maior parte das tecnologias de imagem, próteses, órteses, reagentes de diagnóstico e materiais de alta complexidade que utilizamos vêm dos Estados Unidos. Não temos substitutos nacionais em escala ou com qualidade equivalente. A aplicação de tarifas sobre esses produtos ameaça diretamente a estabilidade do sistema de saúde”, declarou Daher.
No documento encaminhado ao governo estadual, o setor propõe alternativas para mitigar uma possível crise, incluindo a ampliação de linhas de crédito para o segmento. A proposta já está sendo considerada pelas autoridades estaduais, que reconhecem o risco de uma ruptura no abastecimento hospitalar caso as tarifas sejam aplicadas.
Para os representantes da saúde privada, a discussão vai além do campo econômico. “Essa possível taxação não é apenas um embate comercial. É uma questão de saúde pública. O sistema está em alerta máximo”, conclui Daher.