Da Redação

Goiânia registrou em junho um salto preocupante no número de consumidores inadimplentes: crescimento de 15,78% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo levantamento do SPC Brasil com dados da CDL Goiânia. A capital goiana superou com folga a média de inadimplência da região Centro-Oeste (9,78%) e a média nacional (7,73%), refletindo um agravamento local das dificuldades financeiras.

No cenário nacional, o panorama também é alarmante: 71,28 milhões de brasileiros estão com o nome negativado — cerca de 43% da população adulta. Para especialistas, a combinação de inflação ainda resistente, juros elevados e renda comprometida com gastos básicos tem pressionado os orçamentos e levado mais pessoas à inadimplência.

Dívidas menores, mas duradouras

Em Goiânia, o valor médio das dívidas atrasadas chegou a R$ 5.735,80. Mas o montante médio esconde um recorte importante: 26,68% dos inadimplentes devem até R$ 500, e quase 39% possuem dívidas de até R$ 1.000. Ainda assim, o tempo médio de atraso nas contas impressiona: são 29,1 meses — mais de dois anos — de pendências em aberto.

Cada inadimplente carrega, em média, pouco mais de duas dívidas (2,296), sendo que 37,68% das pessoas com o nome sujo estão negativadas há pelo menos um ano, podendo chegar até três.

Setor bancário lidera volume de dívidas

A maior parte das dívidas registradas em Goiânia tem origem no setor bancário, responsável por 64% dos casos. Em seguida vêm categorias como “outros” (15,64%), contas básicas como água e luz (8,13%), comércio (6,48%) e serviços de comunicação (5,75%).

Recuperação ainda distante

De acordo com Geovar Pereira, presidente da CDL Goiânia, o cenário não dá sinais concretos de melhora. “Apesar de algum alívio na inflação, as famílias continuam pressionadas por um ambiente econômico instável e taxas de juros elevadas. O resultado é esse aumento expressivo da inadimplência”, afirma.

Para ele, a saída passa por mudanças estruturais. “Precisamos de políticas que ampliem a renda real e promovam educação financeira. Sem isso, o risco é manter uma parcela significativa da população presa ao endividamento e com o consumo paralisado”, conclui.

Em resumo, enquanto os dados revelam dívidas que, na maioria dos casos, não são tão altas, o impacto do contexto econômico faz com que elas se acumulem e se prolonguem, dificultando o retorno à normalidade financeira para muitos goianienses.