Da Redação

 Equipamentos foram doados pela área de Voluntariado do Einstein, que administra o hospital 

 
Duas televisões instaladas em leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP) estão transformando a rotina de pacientes internados em estado crítico. A iniciativa, fruto de uma doação do Voluntariado Einstein, reforça o compromisso do HMAP, unidade da Secretaria Municipal de Saúde, construída e mantida pela prefeitura e gerida pelo Einstein, com práticas de cuidado mais humanizadas e centradas no bem-estar integral do paciente. 

De acordo com a equipe assistencial, a simples retomada do hábito de assistir à TV pode amenizar a sensação de isolamento e gerar efeitos positivos no comportamento dos pacientes, como menor agitação, mais colaboração com o tratamento e até melhora no humor. “Assistir a um programa favorito, uma novela familiar ou acompanhar o jogo do time do coração permite que o paciente resgate parte da sua rotina e identidade, trazendo conforto emocional em meio ao ambiente hospitalar”, explica Renata Cyrino, coordenadora da UTI do HMAP. 

Na primeira vez em que as TVs foram utilizadas na UTI do HMAP, a coordenação desenvolveu uma espécie de sessão de cinema, com direito a cardápio especial. A nutrição preparou milkshake e sanduíches e o núcleo de experiência do paciente distribuiu ingressos para tornar o ambiente mais agradável, humanizado e acolhedor. 

Embora os impactos ainda não sejam mensurados formalmente, os sinais subjetivos reforçam o potencial da TV como ferramenta de acolhimento, leveza e pertencimento dentro da UTI. “Estar na UTI pode ser uma experiência solitária e angustiante. A TV traz a sensação de normalidade, ajuda o paciente a se conectar com o mundo externo e favorece o conforto emocional durante o tratamento”, observa a coordenadora. 

Humanização 

A humanização do atendimento tem se mostrado uma tendência fundamental para a saúde moderna. No HMAP, o objetivo não se restringe a tratar a doença, mas cuidar da pessoa como um todo, respeitando sua dignidade e necessidades emocionais, o que inclui a importante missão de envolver a família nesse cuidado. “A família não deve ser vista apenas como uma visita, mas como parte essencial do paciente enquanto ser humano. Ela carrega histórias, afetos e referências que ajudam a construir um cuidado mais completo, mais respeitoso e verdadeiramente centrado na pessoa”, explica Renata. 

A equipe orienta tanto a família quanto o paciente em relação à programação e ao conteúdo transmitido, que devem ser leves, conhecidos e tranquilos. Evita-se, por exemplo, notícias que possam gerar estresse. O tempo de exposição também é acompanhado, sempre com bom senso e considerando o estado clínico e emocional do paciente. Além disso, com base em decisões individualizadas e na observação contínua, quando necessário, a TV é desligada para preservar o descanso e o sono.  

Além do uso da TV, foram desenvolvidas ações voltadas à presença da família, como o horário estendido de visita à UTI. Dependendo da avaliação da equipe, é possível até mesmo um acompanhante. Outras iniciativas foram colocadas em prática para facilitar a comunicação com pacientes intubados, a ambientação da unidade e a prevenção do delirium, como, por exemplo, comemorar o aniversário do paciente no jardim da unidade, promovendo um momento festivo.  

Pedro Vieira, diretor da unidade, considera que essas iniciativas tornam o ambiente da UTI mais receptivo tanto para pacientes, quanto para familiares. “Nosso objetivo é cuidar do paciente como um todo – do corpo, da mente e das emoções. Precisamos desmistificar a ideia da UTI como um espaço de terminalidade. Ela é, na verdade, uma etapa do cuidado, que deve sinalizar continuidade, onde há espaço para a vida, para o vínculo e para o afeto”, conclui.

Sobre o HMAP 

O Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP) foi inaugurado em dezembro de 2018 e é o maior hospital do Estado feito por uma prefeitura. Administrado pelo Einstein desde junho de 2022, foi construído numa área superior a 17 mil metros quadrados, onde atua com mais de 1.100 colaboradores para o atendimento de casos de alta complexidade, incluindo hemodinâmica e cirurgia bariátrica, além de várias especialidades cirúrgicas e diagnósticas. A estrutura contempla 10 salas de cirurgia e 235 leitos operacionais, sendo 10 de UTI pediátrica, 39 de UTI adulto, 31 de enfermaria pediátrica, e 155 leitos de clínica médica/cirúrgica. 

Trata-se da primeira operação de hospital público feita pelo Einstein fora da cidade de São Paulo. Nos primeiros seis meses de gestão, as filas de UTI da unidade foram reduzidas consideravelmente e a capacidade de atendimento dos leitos, dobrada. Já as longas filas de espera para cirurgias eletivas foram diminuídas em menos de um ano, feito alcançado graças a iniciativas como mutirões cirúrgicos, que priorizaram demandas urgentes. Nos primeiros seis meses de gestão Einstein, o tempo de permanência dos pacientes no hospital também foi reduzido de 9,5 para 5 dias. Em relação à mortalidade, em junho de 2022 a taxa era de 15,33% e, seis meses depois, de 3,6%. 

Entre janeiro de 2023 e julho de 2024, o HMAP realizou 90% de todos os procedimentos eletivos pelo SUS em Aparecida de Goiânia, levando a cidade ao título de município que mais realiza cirurgias não urgentes pelo SUS. Em 2025, prestes a completar três anos sob gestão Einstein, o hospital obteve a acreditação ONA nível 1, da Organização Nacional de Acreditação – um reconhecimento pela segurança e qualidade da assistência na unidade. No mesmo ano, a UTI do HMAP recebeu o Selo Top Performer 2025, concedido a hospitais que demonstram excelência no cuidado de pacientes em estado crítico. 

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