BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), afirmou que gostaria de concorrer ao Senado nas eleições de 2026 em Minas Gerais. Ele disse que sua prioridade é trabalhar pela reeleição do presidente Lula (PT) e cogita uma tentativa de voltar ao Congresso na mesma disputa.
“Se eu tivesse que escolher, eu gostaria muito de servir ao meu estado como senador da República”, declarou Silveira ao C-Level Entrevista, videocast semanal da Folha de S.Paulo. “Mas eu reafirmo o meu compromisso de ser escalado pelo presidente Lula onde ele entender que eu serei mais útil para o seu projeto, para o projeto de país que ele representa”.
A montagem de palanques para as eleições em Minas Gerais é parte de um xadrez estratégico para os principais grupos políticos do país. O estado é o segundo maior colégio eleitoral do Brasil, com mais de 16 milhões de eleitores em disputa.
Lula e seus aliados discutem a formação de uma chapa com candidaturas fortes para representar o campo político do presidente e impulsionar sua campanha entre os mineiros.
Entre as possibilidades estaria uma candidatura do senador Rodrigo Pacheco (PSD) ao governo, mas ele ainda não decidiu se vai concorrer. Para disputar o Senado nessa chapa, fazem parte da bolsa de apostas os nomes do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil e do deputado federal Reginaldo Lopes (PT).
Integrantes da cúpula do PT também gostariam de lançar como candidata ao Senado a prefeita de Contagem, Marília Campos, mas ela não pretende deixar o comando do município para disputar essa vaga.
Ao mencionar a vontade de concorrer, Silveira citou sua experiência no Senado. Ele exerceu mandato na Casa de fevereiro de 2022 a janeiro de 2023. Era suplente do então senador Antonio Anastasia (PSD), que deixou o cargo para assumir uma cadeira de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).
Silveira disputou a reeleição em outubro de 2022, em aliança com o PT de Lula, mas foi derrotado por Cleitinho Azevedo (Republicanos). Em 2026, haverá duas vagas em jogo para o Senado em cada estado.
Para concorrer ao cargo, Silveira teria que deixar o Ministério de Minas e Energia antes de 4 de abril de 2026, data limite estabelecida pela lei eleitoral.
O PSD de Silveira enfrenta divisões nacionais em relação aos planos para as eleições de 2026. O partido integra a gestão Lula com três ministérios além de Silveira, estão no governo André de Paula (Pesca) e Carlos Fávaro (Agricultura), mas parte dos parlamentares vota com a oposição no Congresso e defende apoio a um candidato de direita à Presidência no ano que vem.
Silveira argumenta que “a maior parte do partido em estados importantes e estratégicos” apoia a reeleição de Lula. Ele cita o senador Otto Alencar (PSD), na Bahia, o senador Omar Aziz (PSD), no Amazonas, Fávaro, em Mato Grosso, e o prefeito Eduardo Paes (PSD), no Rio.
“É natural que um partido desse tamanho tenha suas diferenças internas. Agora, nós temos o maior líder partidário desse país, que é o presidente Gilberto Kassab. Ninguém sabe construir tanto convergência e entendimento quanto Kassab”, disse.
O próprio Kassab, no entanto, emite sinais dúbios e de distanciamento em relação ao projeto de reeleição de Lula. Ele defende publicamente a candidatura à Presidência de Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná, e é um dos principais secretários do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo.
O PSD ainda não definiu seu caminho nem mesmo em Minas Gerais. No plano local, o partido apoia o governo de Romeu Zema (Novo), opositor declarado de Lula.
Dirigentes da sigla chegaram a discutir a possibilidade de filiar o vice-governador Mateus Simões (Novo) e lançá-lo ao governo em 2026. Simões, no entanto, também é crítico de Lula, o que impossibilitaria a formação de uma chapa em que Silveira concorresse ao Senado.
Há algumas semanas, Simões afirmou durante um evento em Minas Gerais que Lula deveria ser “extirpado da história” do estado. Silveira reagiu, classificando a declaração como “um contrassenso e um gesto de oportunismo”.