BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou nesta quarta-feira (23) para a presidente do México, Claudia Sheinbaum, e ressaltou a importância de aprofundar as relações econômicas e comerciais entre os dois países, “diante do atual momento de incertezas.”
Sem fazer menção direta às sobretaxas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos dois países, Palácio do Planalto afirmou em nota que Lula reforçou a importância da relação com o México e marcou para os dias 27 e 28 de agosto uma visita do vice-presidente Geraldo Alckmin ao país.
Na conversa, Lula também recordou o encontro que teve com Sheinbaum durante a Cúpula do G7, no Canadá, e agradeceu a presença do chanceler mexicano na Cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro, no início do mês.
Como resultado da visita, Lula propôs o início de negociações para ampliar acordo comercial Brasil-México, que favoreça a expansão do fluxo comercial entre os dois países.
Os dois líderes destacaram os setores da indústria farmacêutica, agropecuária, de etanol, biodiesel, aeroespacial, bem como de inovação e educação como áreas estratégicas na relação bilateral.
No dia 12 de julho, Trump anunciou uma sobretaxa de 30% para produtos importados da União Europeia e do México, dias após o anúncio da retaliação ao Brasil. As medidas passam a vale a partir de 1º de agosto.
As tarifas foram anunciadas em cartas publicadas no Truth Social, rede social do republicano. No documento endereçado a Sheinbaum, Trump usou de argumento a questão do narcotráfico e a permanência dos cartéis no país.
“Apesar do nosso forte relacionamento, a senhora deve se recordar que os Estados Unidos impuseram tarifas ao México para lidar com a crise de fentanil em nosso país, causada, em parte, pela falha do México em deter os cartéis, que são compostos por algumas das pessoas mais desprezíveis que já pisaram na Terra, ao despejarem essas drogas em nosso país”, escreveu ele.
Trump citara ainda que o México tem ajudado a proteger a fronteira com os EUA, um dos principais atritos diplomáticos entre os dois países, mas alegou que foi feito ainda não era suficiente.
“O México ainda não conseguiu deter os cartéis que tentam transformar toda a América do Norte em um playground do narcotráfico”, escreveu Trump na carta destinada à presidente do México, Claudia Sheinbaum, publicada na sua rede social.
O governo mexicano classificou como a tarifa como um “tratamento injusto”, afirmaram os ministérios da Economia e das Relações Exteriores em um comunicado conjunto.
Em janeiro, os dois líderes já haviam se falado por telefone sobre “cultivar relações produtivas” com o governo dos Estados Unidos -meses antes dos anúncios tarifários.
Na véspera, Trump havia assinado um decreto que suspendeu a entrada de migrantes pela fronteira sul do país. Essa foi a medida contra a imigração mais drástica tomada pelo republicano em seus primeiros dias de volta ao cargo. Ele também assinou ordem executiva que declarava a imigração ilegal na fronteira como uma situação de emergência nacional.