SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo paulista anunciou investimento de aproximadamente R$ 100 milhões para restaurar 17 imóveis tombados na região central da capital, no entorno do Palácio dos Campos Elíseos.
As construções fazem parte da área onde será implantado o futuro centro administrativo do estado, projeto da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) que pretende concentrar 22 mil servidores atualmente distribuídos em quase 40 prédios em diferentes regiões da cidade.
A área escolhida para o empreendimento abrigou nas últimas décadas grandes concentrações de dependentes químicos e, por isso, ficou conhecida como cracolândia. Atualmente, tais cenas de consumo de drogas a céu aberto estão distribuídas por diversos pontos da capital paulista.
Parte dos imóveis a serem restaurados têm uso público atual ou já estiveram ligados à história administrativa do estado, segundo o governo.
São antigas residências construídas entre o fim do século 19 e início do século 20, com diferentes tipologias e estilos.
Os edifícios apresentam elementos típicos da arquitetura eclética e neoclássica, como alpendres laterais, recuos generosos no terreno e o uso de materiais nobres.
Com as obras de restauro, cada imóvel poderá ter novo uso, de acordo com as diretrizes dos órgãos de patrimônio e os termos da parceria com o setor privado.
Um dos responsáveis pelo projeto da nova sede do governo, o secretário estadual de Projetos Estratégicos, Guilherme Afif, afirmou, em nota, que a requalificação urbana em curso na região central irá respeitar a memória da cidade.
De acordo com os planos da gestão Tarcísio, a construção da nova sede do governo será executada por meio de parceria público-privada.
Estima-se um custo aproximado de R$ 3,9 bilhões, sendo R$ 415 milhões em desapropriações e R$ 3,5 bilhões com construções. O valor será pago pelo governo ao longo de 30 anos ao concessionário vencedor da licitação para edificar, administrar e explorar comercialmente o centro.
Em agosto do ano passado, um concurso de arquitetura realizado pelo IAB-SP (Instituto dos Arquitetos do Brasil em São Paulo) selecionou o projeto do arquiteto Pablo Chakur, do escritório Ópera Quatro, para dar forma ao centro administrativo. Ao todo, 44 propostas estavam oficialmente na disputa.
O novos edifícios buscam a flexibilidade durante a construção, pois poderão ser erguidos em módulos e por etapas, além da possibilidade de ajustar o uso das lajes a diversos tamanhos de departamentos.
Os imóveis tombados recuperados poderão abrigar repartições, centros de atendimento ou novos espaços públicos, conforme será definido no contrato do projeto.
De acordo com nota divulgada pelo governo, a restauração dos imóveis respeitará regras dos órgãos de preservação patrimônio nos âmbitos estadual e municipal, que são, respectivamente, Condephaat e Conpresp.
RELAÇÕES DE IMÓVEIS TOMBADOS QUE O GOVERNO PROMETE RESTAURAR
Av. Rio Branco, 1.210 – Fundunesp
Construído no fim do século 19 para Dona Chiquinha Ribeiro do Val, figura ligada à elite paulistana, o casarão foi projetado pelo arquiteto Pedro de Mello e Souza. É um dos principais exemplares da arquitetura eclética da região, com recuos em todos os lados e fachada ornamentada. Hoje abriga a Fundunesp, a Fundação para o Desenvolvimento da Universidade Estadual de São Paulo, destinada a apoiar as atividades universitárias.
Rua Guaianases, 1.112 – Casa da Solidariedade
Projetada pelo mesmo arquiteto da Fundunesp, essa casa de esquina foi residência de Bento de Almeida Prado, um dos barões de São Paulo. Tem terraços semicirculares nos dois andares e uma implantação que valoriza o terreno. Atualmente, funciona como Casa da Solidariedade, ligada ao Fundo de Assistência Social do Governo, que oferece apoio e programas sociais para pessoas em situação de vulnerabilidade, especialmente crianças e adolescentes.
Rua Guaianases, 1.058 – Secretaria de Desenvolvimento Social
Apesar de reformas e anexos posteriores, ainda mantém a estrutura original.
Rua Guaianases, 1.050
Antiga casa da família Toledo Piza, tem planta irregular e compartimentos internos preservados. Foi usada como sede da extinta Secretaria do Trabalho e Promoção Social.
Av. Rio Branco, 1.312 – Antigo Batalhão da Polícia Florestal
Foi residência e, mais tarde, unidade da Polícia Florestal. O prédio tem dois andares, sótão, porão e escada lateral com terraço coberto. É propriedade do Governo do Estado.
Av. Rio Branco, 1.278 e 1.294
Dois imóveis geminados que formam um único conjunto. São construções térreas da virada do século, com porões ventilados e escadas externas. O conjunto pertence ao Estado.
Av. Rio Branco, 1.260 – Diretoria de Ensino Região Centro-Oeste
Residência de alto padrão da virada do século, virou sede da Diretoria de Ensino da Secretaria da Educação. É um dos poucos imóveis que já tem uso público definido e consolidado, mesmo antes da restauração.
Av. Rio Branco, 1.318
Alameda Glete, 234
Casa térrea construída no início do século passado. Está situada em um trecho com outras construções antigas e preservadas. Será restaurada para integrar o novo conjunto urbano.
Alameda Glete, 224
Imóvel vizinho ao número 234, com características semelhantes. Faz parte da mesma sequência de casas históricas na Alameda Glete.
Alameda Glete, 218
Completa a fileira de três imóveis históricos na Glete. Assim como os outros dois, deve receber intervenções que respeitem sua origem residencial.
Av. Rio Branco, 1.269
Imóvel situado em um ponto estratégico da avenida, próximo a outras construções históricas. Está incluído no projeto de restauro por seu valor urbanístico.
Av. Rio Branco, 1.313
Faz parte do conjunto de imóveis protegidos na Avenida Rio Branco. A fachada será preservada conforme as regras dos órgãos de patrimônio.
Alameda Nothmann, 463/485
Dois imóveis vizinhos localizados em área do entorno do Palácio dos Campos Elíseos. Serão restaurados com base nas normas de preservação para imóveis de interesse histórico.
Alameda Glete, 501
Imóvel residencial típico da primeira metade do século XX. Mesmo sem uso atual definido, será restaurado por seu valor arquitetônico e urbanístico.
Rua Conselheiro Nébias, 970
Localizado nos limites da área do Novo Centro Administrativo, o imóvel será restaurado como parte da requalificação do entorno. É um dos exemplos da arquitetura que marcou a expansão da cidade para a região central.