SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Parlamento de Israel aprovou nesta quarta-feira (23) uma moção em favor da anexação da Cisjordânia. A votação foi a mais recente etapa de uma campanha que busca o controle israelense sobre o território palestino ocupado.

A proposta, aprovada por 71 votos a 13, representa, ao menos por ora, uma gesto simbólico, já que não tem impacto prático sobre o status da Cisjordânia, ocupada por Israel. A medida, contudo, poderá ajudar a impulsionar uma ação futura no território.

“Essa medida deixará claro para o mundo que Israel não aceitará soluções que envolvam concessões territoriais perigosas e que está comprometido com seu futuro como um Estado judeu seguro”, diz o texto, que menciona a “aplicação da soberania israelense”.

E continua: “As regiões da Judeia, Samaria e do Vale do Jordão [nomes pelos quais Israel se refere à Cisjordânia] são parte inseparável da pátria histórica do povo judeu. À luz dos eventos de 7 de outubro [de 2023, quando o Hamas fez um mega-atentado contra Israel] e do amplo consenso nacional de oposição à ideia de estabelecer um Estado palestino, há uma crescente compreensão da necessidade de uma iniciativa estratégica, moral e de segurança para garantir nosso futuro nesta terra.”

O texto aprovado vai contra o entendimento internacional de que a Cisjordânia não pertence a Tel Aviv e que deve ser parte de um Estado palestino.

A moção foi apresentada pelo deputado Dan Illouz, do partido Likud, o mesmo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, e outros três parlamentares, incluindo a ministra dos Assentamentos, Orit Strook.

Governada parcialmente pela Autoridade Nacional Palestina, a Cisjordânia foi dividida em três áreas administrativas nos Acordos de Oslo, firmados entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), de 1993 a 1995.

Duas delas são regiões em parte administradas pelos palestinos. A terceira —e maior— está sob comando de Israel. O acordo era transferi-la aos palestinos quando um acordo de paz definitivo fosse selado. Isso nunca ocorreu.

Essa colcha de retalhos em que se transformou a Cisjordânia, território que abriga 3 milhões de pessoas e que faz fronteira com a Jordânia, motiva disputas cada vez mais acirradas.

Com o passar dos anos e a ideia de uma Palestina independente se tornando mais distante, Tel Aviv continuou a permitir a construção de novos assentamentos no território.

Cerca de 700 mil colonos israelenses vivem entre 2,7 milhões de palestinos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental —territórios capturados por Israel da Jordânia na guerra de 1967.

A construção de assentamentos na Cisjordânia acelerou no governo de Netanyahu, especialmente desde o início da guerra na Faixa de Gaza. Tel Aviv também intensificou as operações militares contra palestinos na Cisjordânia.

Alguns desses locais se assemelham a pequenas cidades ou a subúrbios de grandes municípios de países desenvolvidos. Embora muitos sejam ocupados por sionistas religiosos que acreditam que seu direito de viver na região venha dos textos bíblicos, outros tantos judeus seculares se mudaram para os assentamentos devido aos preços mais baixos em comparação com terrenos em Israel.

Os palestinos consideram o avanço dos assentamentos um obstáculo para suas aspirações de criar um Estado independente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental ocupada.