SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Todos os anos, no mês de julho, a cidade catarinense de Joinville vê sua população crescer em quase 350 mil pessoas, a maioria delas vestidas com trajes e sapatilhas de balé. O maior Festival de Dança do mundo chegou à sua 42ª edição nesta segunda-feira (21) com 15 mil dançarinos inscritos, que “respiram dança” durante duas semanas agitadas.
A inauguração do Museu da Dança, o único dedicado a esta arte na América do Sul nestas proporções, é a grande novidade da edição. Com um teatro para 220 pessoas e uma exposição gráfica e interativa, promete complementar a programação cultural. As duas semanas são preenchidas com a concorrida mostra competitiva, espetáculos de companhias brasileiras, cursos disputados e diversas apresentações gratuitas, que não deixam a cidade parar de dançar.
Na abertura oficial, na última segunda-feira (21), a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, localizada também em Joinville, apresentou o balé de repertório “O Lago dos Cines”. Nesta versão, o “clássico dos clássicos” foi adaptado pelo bailarino e coreógrafo russo Vladimir Vasiliev, do Balé Bolshoi de Moscou.
O elenco é formado por mais de cem bailarinos da escola e da Companhia Jovem Bolshoi Brasil. Normalmente destinados a dançarinos experientes, alguns papéis foram dançados por crianças, adaptação especial do montador russo.
Nos papéis principais dançaram Amanda Gomes e Wagner Carvalho, solistas da Ópera de Kazan e ex-alunos da Escola Bolshoi, como Odette e príncipe Siegfried. Maria Eduarda Cabral, da Companhia Jovem Bolshoi Brasil, dançou Odile, o cisne negro. Formado em 2024 pela Escola Bolshoi Brasil, Kauã Ferreira estreou como o mago Von Rothbart.
O Grupo de Dança D.C. – Dissídio Coletivo, criado por bailarinos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, continuou a programação de destaque nesta terça-feira (22), no Teatro Juarez Machado, com o espetáculo “Amazônia”, de João Wlamir, Jaime Bernardes e Mônica Barbosa. A montagem de dança contemporânea é composta por 20 atos.
MAIOR FESTIVAL DE DANÇA DO MUNDO
Joinville conquistou o título de maior festival de dança do mundo em 2002, quando reuniu 4.000 participantes, segundo avaliação do Guinness Book. Desde então, o número já triplicou e a estrutura cresceu consideravelmente.
Em 2025, o festival tem 15 mil dançarinos participantes, com 5.827 coreografias inscritas na seleção internacional. Entre as 4.684 coreografias aprovadas, 231 participam da Mostra Competitiva, que premia os melhores dançarinos e grupos do país, nos gêneros clássico, neoclássico, contemporâneo, jazz, sapateado, danças urbanas, danças populares brasileiras e danças populares internacionais.
Segundo a organização, grupos de 25 estados brasileiros e do Distrito Federal enviaram coreografias para a seleção (o único sem representante foi Alagoas). O Festival ainda recebe bailarinos do Paraguai, Equador e Portugal.
Além dos inscritos, cerca de 350 mil pessoas devem comparecer ao Festival. Elas incluem pais e professores dos jovens dançarinos, turistas, espectadores, organização e expositores da Feira da Sapatilha, que reúne 140 marcas voltadas a artigos para dança.
O presidente do Instituto Festival de Dança de Joinville, Ely Diniz, diz que, mesmo consolidado no calendário de quem dança no Brasil, o Festival aposta em novidades todos os anos. O museu, segundo ele, é um projeto que levou cerca de três anos para ser inaugurado, com apoio do Governo de Santa Catarina e da Lei Rouanet.
Mas, para além da inovação, o mais importante para a cidade é manter a tradição de “capital nacional da dança”, segundo Diniz. “Nossa equipe é treinada e motivada para receber bem todos esses bailarinos que vêm com um sacrifício muito grande. Vir a Joinville é difícil, é caro. Então, não deixamos jamais um palco sem público.”
PROGRAMAÇÃO
O Festival ocorre de 21 de julho a 2 de agosto. A programação oficial tem companhias profissionais e mostras competitivas.
– Mostra competitiva: 22, 23, 24, 25, 26, 28, 29, 29, 30 e 31 de julho, com as Noites dos Campeões Júnior e Sênior nos dias 1º e 2 de agosto, respectivamente, sempre às 19h no palco principal do Centreventos Cau Hansen.
– Festival Meia Ponta: versão da Mostra Competitiva para crianças e adolescentes de 10 a 13 anos. Acontece nas mesmas datas, das 14h às 16h, no Teatro Juarez Machado.
– Espetáculo especial “Terezas” – espetáculo da Cia Anderson Couto, inspirado em mulheres negras latino-americanas e caribenhas, com elementos de teatro, audiovisual e dança. Acontece em 25 de julho às 20h, na Casa da Vó Joaquina.
– Noite de Gala: O Balé da Cidade de São Paulo apresenta o espetáculo contemporâneo “Réquiem SP”, com criação e direção do coreógrafo Alejandro Ahmed. Acontece em 27 de julho, às 19h, no palco principal do Centreventos Cau Hansen.
– Palcos Abertos – apresentações gratuitas com mais de mil coreografias em locais públicos e descentralizados. Acontece de 21 de julho a 2 de agosto, em diferentes horários em 12 locais de Joinville. Confira a programação completa aqui.
– Programação didática: Cursos, workshops, masterclasses, audições e showcases com profissionais nacionais e internacionais voltados à formação artística e técnica. Acontecem de 21 de julho a 2 de agosto no Teatro Juarez Machado, Saltare Centro de Dança e locais parceiros. As inscrições estão encerradas.
Grandes bailarinos, como Ana Botafogo, Bill Prudich, Ilya Osinovskiy, Carlinhos de Jesus, Fernanda Chamma e Cecília Kerche estão presentes com cursos e eventos. Luciana Sagioro, primeira bailarina brasileira na Ópera de Paris, ministrará duas aulas e lançará sua própria linha de produtos naturais.