Walison Veríssimo
Chegou ao fim, na segunda-feira (21), a 12ª passagem de Daniel Vilela (MDB) pelo comando do governo de Goiás. Foram 11 dias de interinidade enquanto Ronaldo Caiado (União Brasil) cruzava o globo em missão oficial ao Japão. Oficialmente, o vice apenas substituiu o titular. Na prática, cada vez que senta na cadeira principal do Palácio das Esmeraldas, Daniel reforça a impressão de que já não é só o vice. É o sucessor em formação.
O roteiro dessa vez seguiu o modelo das anteriores, mas com intensidade de pré-campanha. No Sul, no Sudoeste e no Entorno do Distrito Federal, Daniel entregou casas populares, vistoriou obras, inaugurou estruturas do Corpo de Bombeiros e assinou ordens de serviço para rodovias. A cada parada, um discurso ensaiado: fidelidade a Caiado e compromisso com a continuidade. O MDB agradece.
Mais do que uma série de agendas administrativas, as interinidades do vice-governador têm funcionado como um estágio supervisionado para 2026. Com o governador mirando um projeto nacional, Daniel se move no tabuleiro como quem já vislumbra a posse definitiva. Cativa prefeitos, posa ao lado de lideranças locais, testa a própria imagem e mede aplausos.
A frequência das transmissões de cargo também chama atenção. Em menos de cinco anos, foram 12. E a 13ª já está marcada para os próximos dias. Nunca um vice-governador teve tanto tempo de vitrine sem precisar bater chapa. Nunca um herdeiro teve tanto tempo de preparação em praça pública.
Daniel, que já foi deputado federal e candidato a governador, agora aposta na via da moderação e da estabilidade. Faz política sem estardalhaço e, aos poucos, constrói o perfil de gestor confiável, com carimbo de continuidade. As interinidades deixam de ser um rodízio burocrático e passam a fazer parte da narrativa de transição, com aval explícito do atual titular.
Se Caiado seguir o roteiro esperado e renunciar em abril de 2026, o MDB voltará ao comando do Estado sem precisar de uma eleição direta. Até lá, Daniel vai acumulando carimbos no passaporte político. E cada ato assinado como governador interino soa menos como substituição e mais como ensaio geral.