Da Redação
A crise humanitária na Faixa de Gaza atinge níveis extremos: apenas entre os dias 21 e 22 desta semana, quinze pessoas — quatro delas crianças — morreram de fome. O dado foi confirmado pelo Ministério da Saúde local e reflete o colapso na distribuição de alimentos no território, onde a escassez já se converteu em tragédia diária. Desde março, o bloqueio à entrada de ajuda humanitária, imposto por autoridades israelenses, reduziu drasticamente o acesso a suprimentos básicos, como água e comida. Embora parte das restrições tenha sido amenizada em maio, o volume liberado segue muito abaixo do necessário.
O COGAT, órgão do governo israelense responsável pela coordenação da ajuda, afirma que as Forças de Defesa de Israel continuam “trabalhando para permitir a transferência” de mantimentos. No entanto, na prática, o socorro não chega com segurança nem em quantidade suficiente. Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA — agência da ONU para refugiados palestinos —, relatou que recebeu “dezenas de pedidos desesperados” de integrantes da própria equipe. “Profissionais de saúde e humanitários estão desmaiando de fome durante o trabalho. Isso não é uma crise comum, é uma armadilha mortal construída com frieza”, declarou.
Segundo Lazzarini, a distribuição de comida é marcada por tiroteios. “Desde o fim de maio, civis famintos são recebidos a tiros. É como se matar tivesse sido autorizado”, disse. Mais de mil pessoas teriam sido assassinadas enquanto tentavam obter alimento, 766 delas nas imediações da Fundação Humanitária de Gaza — principal ponto de entrega de mantimentos.
O alto-comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Turk, chamou a situação de “ciclo de horror sem fim”. Já a Organização Mundial da Saúde relatou o ataque ao seu principal centro logístico em Gaza e reforçou o pedido internacional por um cessar-fogo. “Essa guerra deveria ter sido interrompida há muito tempo. O número de mortos cresce enquanto o mundo assiste”, lamentou o diretor da OMS, Tedros Adhanom.
Em resposta às denúncias, o ministro israelense Gideon Saar declarou que a pressão internacional deveria se voltar ao Hamas. Ainda assim, diante do colapso da assistência humanitária e da escalada na mortalidade por fome, cresce o coro de vozes exigindo o fim imediato das hostilidades e o restabelecimento pleno da ajuda à população.