Da Redação
Diante do impacto provocado pelas novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o governador Ronaldo Caiado apresentou nesta terça-feira (22) uma série de medidas emergenciais para proteger a economia goiana. O encontro, realizado no Palácio das Esmeraldas, reuniu lideranças empresariais e políticas de diversos segmentos, que ouviram em primeira mão os detalhes do pacote de crédito criado pelo governo estadual.
Goiás foi o primeiro estado a se antecipar à crise e lançar ações concretas para amortecer os efeitos das sanções comerciais impostas pelo governo de Donald Trump. Três frentes de financiamento foram anunciadas, todas com foco em manter a competitividade das exportações goianas e preservar empregos.
Fundo com crédito bilionário e juros abaixo dos federais
O carro-chefe do pacote é o Fundo Creditório, que estreia com R$ 628 milhões disponíveis em créditos de ICMS e aportes do mercado financeiro. O diferencial está na taxa de juros: 10% ao ano, índice inferior ao praticado por linhas tradicionais do BNDES e outros programas federais. A operação será formalizada em leilão na B3, em São Paulo, no dia 5 de agosto.
Além disso, o governador reforçou a ativação de dois instrumentos já existentes: o Fundeq (criado na pandemia para equalização de encargos em operações de crédito) e o Fundo de Estabilização Econômica, uma reserva estratégica para momentos de crise. Ambos serão mobilizados para garantir liquidez às empresas afetadas.
Empresários elogiam resposta rápida
Representantes de entidades como Fieg, CNI, Aprosoja e Adial elogiaram a iniciativa. Para eles, o Estado demonstrou visão estratégica ao agir antes dos demais. “É uma atitude ousada, que mostra compromisso com quem produz”, afirmou Clodoaldo Calegari, da Aprosoja. “Nunca vimos uma proposta tão ágil e consistente”, disse Flávio Rassi, da Fieg.
Compromisso com o emprego e diálogo setorial
As empresas interessadas em acessar os recursos terão como contrapartida a manutenção dos postos de trabalho durante o período de financiamento. O governador reforçou que a prioridade é proteger o trabalhador goiano. “Nosso objetivo é dar segurança a quem emprega e a quem trabalha”, declarou.
Além disso, um comitê intersetorial foi criado para acompanhar diariamente a situação e ajustar medidas conforme as demandas de cada setor. Já nesta quarta-feira, Caiado inicia uma rodada de reuniões com representantes das cadeias produtivas mais impactadas: saúde, carnes, mineração, energia, soja e couro.
Secretarias definirão destino dos recursos
O titular da Secretaria-Geral do Governo, Adriano da Rocha Lima, explicou que caberá a um conselho formado por seis secretarias definir quais áreas estratégicas receberão os recursos. Já a Secretaria da Economia será responsável por validar os créditos de ICMS utilizados como garantia.
EUA são segundo maior parceiro comercial de Goiás
A decisão de agir rapidamente se justifica pelos dados da balança comercial. De janeiro a junho, Goiás exportou mais de US$ 337 milhões aos EUA, com destaque para carnes e produtos siderúrgicos. O impacto da tarifa de 50% imposta por Trump pode comprometer significativamente esse fluxo.
Presença maciça no Palácio das Esmeraldas
O evento contou com presença expressiva de representantes do setor produtivo, entre eles líderes da Faeg, Sebrae, CDL, Fecomércio, Facieg e prefeitos como Sandro Mabel (Goiânia) e Simone Ribeiro (Formosa). Também participou a primeira-dama Gracinha Caiado, coordenadora do programa Goiás Social.
O governo estadual prometeu iniciar as liberações de crédito já a partir de 6 de agosto, sinalizando que a resposta à crise comercial não será apenas no discurso — mas no caixa das empresas.