RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, 25, o Oruam, se entregou à Polícia Civil do Rio de Janeiro, no fim da tarde desta terça-feira (22). Ele chegou à Cidade da Polícia, na zona norte da capital fluminense, cerca de 1h30 depois de avisar, pelas redes sociais, que se entregaria.
O cantor estava acompanhado da mãe, do irmão e de dois advogados.
“Só pedir desculpa mesmo. Dizer que eu amo muito meus fãs. Eu vou dar volta por cima, tropa. Estou com Deus e tá tranquilão. Sou forte!”, afirmou após desembarcar na Cidade da Polícia.
Mais cedo, o cantor já tinha divulgado um vídeo no qual dizia que iria se entregar à polícia.
“A todos vocês que gostam de mim, vou me entregar, tropa. Não sou bandido, valeu?”, disse. Oruam ainda pediu desculpas. “Desculpas a todo mundo, que eu errei. Vou me entregar e provar que não sou bandido, vou dar a volta por cima com a minha música”, acrescentou.
A Justiça decretou sua prisão preventiva após a polícia indiciá-lo por atacar agentes e, com isso, supostamente facilitar a fuga de uma pessoa acusada de roubar carros.
A confusão ocorreu na casa do rapper, no Joá, zona oeste do Rio. Agentes da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) monitoravam um jovem, suspeito de roubo, que estava na residência de Oruam. Na saída do suspeito, quando o jovem foi abordado, do lado de fora da casa, o cantor incentivou ataques, incluindo o uso de pedras contra os policiais, segundo relato dos agentes.
Segundo a Polícia Civil, o rapper teria também atacado agentes com pedras e paralelepípedos. Oruam teria, ainda de acordo com os policiais, ameaçado o delegado Moyses Santana, que estava presente, destacando ser filho de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, apontado como um dos principais líderes do Comando Vermelho.
“Uma equipe diligenciou ao local, onde permaneceu monitorando o alvo em viatura descaracterizada. Ao sair da casa, junto com outras quatro pessoas, foi abordado pelos agentes, ocasião na qual foi anunciada a apreensão dele, bem como dos bens que portava, um celular e um cordão”, afirmou a polícia.
Segundo os agentes, oito pessoas apareceram na varanda da residência e começaram os ataques. Oruam identificou o delegado Santana e passou a xingá-lo.
Oruam foi levado inicialmente à carceragem da Divisão de Capturas da Polícia Civil do Rio de Janeiro. De lá, foi transferido ao presídio de Benfica, na zona norte, por volta das 20h30.
A expectativa de protestos levou a polícia a restringir acesso à Cidade da Polícia, barrando inclusive parte da imprensa que chegou ao local durante a tarde, mas apenas um pequeno grupo de fãs apareceu.
A Folha de S.Paulo apurou que os setores de inteligência das polícias monitoram as redes sociais do artista. Além disso, a Polícia Militar determinou reforço na unidade onde Oruam se entregou .
A ordem de prisão foi expedida no plantão judiciário sob a acusação de lesão corporal leve, descrita no Código Penal, artigo 129, parágrafo 12. O texto estabelece o aumento de pena quando a lesão é praticada contra autoridades ou agentes.
Em nota, o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) citou “prática dos crimes de tráfico de drogas, associação ao tráfico de drogas, resistência, desacato, dano, ameaça e lesão corporal”.