SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ozzy Osbourne, que junto com sua banda Black Sabbath ajudou a inventar o heavy metal no final da década de 1960, morreu nesta terça-feira (22), aos 76 anos. A causa da morte não foi divulgada, mas o cantor sofria de doença de Parkinson há seis anos. Ele havia acabado de realizar seu show de despedida dos palcos, no último dia 5 de julho.

“É com mais tristeza do que as palavras podem transmitir que nós divulgamos a morte do nosso querido Ozzy Osbourne, nesta manhã. Ele estava com a família e cercado de amor. Nós pedimos a todos que respeitem a privacidade da nossa família neste momento”, afirmaram a esposa Sharon e os filhos Jack, Kelly, Aimee e Louis Osbourne em nota.

Ozzy cantou pela última vez há menos de três semanas, em um show em Birmingham, no Reino Unido, que marcou o seu adeus. Sentado em um trono adornado com morcegos devido a problemas de saúde que dificultavam sua locomoção, ele apresentou hits de sua prolífica carreira solo, como “Mr. Crowley”, e outros do Black Sabbath, a exemplo de “War Pigs” e “Iron Man”.

O show, na cidade de origem do Black Sabbath, marcou a primeira vez em que os integrantes fundadores da banda -o guitarrista Tony Iommi, o baixista Geezer Butler e o baterista Bill Ward- se reuniram em 20 anos, e contou ainda com apresentações curtas das principais bandas de metal em atividade, algumas das quais tocaram covers de Black Sabbath. A plateia do festival foi estimada em 50 mil pessoas.

Embora a causa da morte do “príncipe das trevas”, como era conhecido, não tenha sido divulgada, ele revelou que sofria de Parkinson em 2020 e tinha problemas na coluna resultantes de uma queda que sofreu em casa, em Los Angeles, em 2019, quando levantou à noite para ir ao banheiro. Segundo sua mulher, Sharon Osbourne, Ozzy bateu a cabeça numa mesa lateral.

Antes disso, em 2003, Ozzy quebrou o pescoço, a clavícula e as costelas em um acidente de quadriciclo em sua casa em Buckinghamshire, no Reino Unido, que quase o deixou paralisado. Sharon disse que ele parou de respirar por um minuto e meio “e não havia pulso”. Ele também sofria de uma doença que causa tremores corporais.

Com sua banda, o Black Sabbath, Ozzy ajudou a fundar um novo gênero de rock, pesado, arrastado, influenciado pelo blues e com letras ligadas à magia e ao ocultismo. “Black Sabbath”, o primeiro disco do grupo, apresentou ao mundo o heavy metal e se tornou um dos álbuns mais relevantes da história da música como um todo e da música pesada em específico.

Anos mais tarde, com o lançamento do disco “Master of Reality”, de 1971, o Black Sabbath passou a ser creditado como o fundador de um subgênero do metal conhecido como “doom metal”, ainda mais lento e arrastado e que influencia bandas até hoje, como Y.O.B. e Down.

A trajetória de Ozzy no Black Sabbath foi marcada tanto pelo brilho criativo e pelo caos. Seu comportamento errático e seus problemas com abuso de substâncias tornaram-se lendários, levando à sua saída da banda em 1979. Mas o revés marcou o início de uma carreira solo muito bem-sucedida.

Ozzy lançou 13 álbuns de estúdio entre 1980 e 2022, seguindo a cartilha da música pesada mas com uma estética sonora um tanto diferente da que mantinha com o Black Sabbath. As canções eram mais acessíveis e melódicas, a exemplo dos hits “Crazy Train” e “No More Tears” e da balada “Mama I’m Coming Home”. Apesar de ter optado por outro caminho criativo, seguiu adorado pelos fãs de música pesada.

John Michael Osbourne nasceu em Birmingham, no Reino Unido, em 1948. Criado em uma família da classe trabalhadora, ele abandonou a escola aos 15 anos e se dedicou a profissões como encanador, operário e trabalhador de matadouro. Chegou a se envolver com pequenos crimes e foi preso, durante dois meses, por roubo.

Após ser solto, Ozzy cantou com uma série de grupos de rock da sua cidade, até que estabeleceu a banda Earth ao lado do guitarrista Tony Iommi. Pela existência de outro grupo com o mesmo nome, mais tarde renomeou a banda como Black Sabbath, em homenagem a um antigo filme estrelado por Boris Karloff.

No início dos anos 2000, Ozzy e sua família participaram do reality show “The Osbournes”, atração que se tornou popular e ganhou uma série de produções derivadas, elevando seus filhos e sua mulher ao status de ícones pop e apresentado a música do cantor à uma nova geração de ouvintes.

Ozzy também ficou marcado por um show de 1982 nos EUA no qual arrancou a cabeça de um morcego vivo com a boca. O animal havia sido arremessado no palco pela plateia e, segundo uma entrevista que o músico deu ao documentário “Nine Lives of Ozzy Osbourne”, de 2020, ele pensou que se tratava de um morcego de borracha. “Peguei, coloquei na boca, mastiguei, mordi, sendo o palhaço que sou”, disse ele.

O público reagiu horrorizado e o músico entendeu o que fizera ao perceber a boca cheia de sangue. “Morcegos são os maiores portadores de raiva no mundo. Precisei ir ao hospital depois e começaram a me dar injeções contra raiva. Ganhei uma em cada traseiro e tinha que tomar uma todas as noites”

Outro acontecimento que marcou sua vida ocorreu em 1989, quando foi preso após tentar assassinar sua esposa, Sharon Osbourne. O músico a estrangulou enquanto estava bêbado, e em 2007 relatou o incidente durante uma entrevista.

“Acordei naquela pequena cela com fezes humanas nas paredes -e pensei: ‘Que porra eu fiz agora?’… [Um policial] leu um pedaço de papel para mim e disse: ‘Você é acusado de tentar assassinar a Sra. Sharon Osbourne’. Não consigo descrever como me senti. Fiquei paralisado”, disse ele.

Ozzy e Sharon se reconciliaram, mas tiveram uma breve separação em 2016, após o artista a trair com uma cabeleireira.

Ele teve dois filhos com Sharon, Jack, de 39 anos, e Aimee, de 41 anos, e outros dois, Jessica e Louis, com sua primeira esposa, Thelma Riley.