SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Irã confirmou que participará de uma nova rodada de negociações com Alemanha, França e Reino Unido (o chamado E3) na próxima sexta-feira (25), na Turquia, sobre seu programa nuclear. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (21) pela imprensa estatal iraniana, um mês após ofensiva militar de 12 dias conduzida por Estados Unidos e Israel.

Segundo o porta-voz da chancelaria iraniana, Esmail Baghai, o encontro foi agendado “em resposta à demanda dos países europeus”. Uma fonte diplomática alemã informou que as três potências continuam trabalhando “intensamente para uma solução diplomática duradoura e verificável” para a questão nuclear iraniana.

Ainda assim, o clima entre Teerã e o E3 permanece tenso. O Irã acusa os europeus de “culpa e negligência” na implementação do acordo nuclear de 2015, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018. Paris, Londres e Berlim ameaçam acionar o “snapback”, mecanismo que permite o retorno automático de sanções da ONU, caso não haja progresso concreto em relação a um acordo.

Em uma carta ao secretário-geral da ONU, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, contestou a legitimidade dos europeus para reativar as sanções, argumentando que sua posição em relação aos ataques israelenses e americanos às instalações nucleares do Irã no mês passado fez com que eles não participem mais do acordo nuclear ao qual o mecanismo está vinculado.

Os três países europeus, juntamente com China e Rússia, são as partes restantes do pacto que suspendeu sanções ao Irã em troca de restrições ao seu programa nuclear.

Além da contestação diplomática, o Irã ameaçou retaliar economicamente, insinuando possíveis restrições à segurança no golfo Pérsico e no estreito de Hormuz, por onde transita parte significativa do petróleo mundial. “A Europa não está em posição de se colocar em perigo em Hormuz, quando ela mesma enfrenta conflitos com Rússia, China e até com os EUA”, afirmou o deputado iraniano Abbas Moqtadaei.

Na semana passada, Araghchi conversou por telefone com seus homólogos do Reino Unido, França, Alemanha e com a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas. Os europeus reiteraram a disposição de acionar o snapback caso não haja progressos para um novo entendimento.

O ministro iraniano negou que a ameaça tivesse base “moral ou jurídica”. Apesar da retórica endurecida, o Irã mantém que “sempre esteve disposto a uma diplomacia real, recíproca e de boa-fé”.