SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O CNU (Concurso Nacional Unificado) não cobrará questões específicas de língua portuguesa na prova objetiva para quem concorre a vagas de nível superior neste ano. Mas, segundo especialistas, o candidato ainda precisa dominar a interpretação de texto se quiser acertar as questões da banca organizadora, a FGV (Fundação Getulio Vargas).
“A FGV se diferencia de todas as outras bancas que nós temos hoje. Ela tem um estilo próprio de cobrar a língua portuguesa, que é mais aplicada ao texto, ou seja, uma questão mais interpretativa junto com a gramática”, afirma Letícia Bastos, professora de gramática e redação na plataforma Gran Concursos.
No CNU 1, a prova objetiva de português estava em todos os blocos, inclusive os de nível superior. A banca era a Cesgranrio, que, segundo Letícia, cobrava um português mais tradicional, focado em gramática pura -como regras de concordância e regência- e menos em interpretação de texto aplicada, diferente do estilo da FGV.
Ela explica que essa dificuldade vem do modelo de questão. “É comum os alunos falarem que, quando fazem questões da FGV, sempre ficam entre duas alternativas. É uma característica da própria banca, de criar uma afirmação que é quase correta, mas com alguma parte errada.”
Eduardo Cambuy, professor de português no Gran e servidor do STJ (Superior Tribunal de Justiça), brinca: “a FGV é assim. A pergunta pede para assinalar o que é ‘manga’. A alternativa ‘a’ diz que é uma fruta. A alternativa ‘b’, que é uma parte da camisa. Aí o candidato pensa ‘mas manga pode ser as duas'”.
Para Adriana Figueiredo, professora de português e redação do Estratégia Concursos, o candidato precisará saber a língua portuguesa em todos os cargos do CNU. “Nos blocos 1 a 7, de nível superior, o português será cobrado de forma indireta, nos enunciados das questões. Nos dois últimos blocos intermediários, ele é cobrado de forma direta”, afirma.
A prova objetiva de nível médio terá 20 questões destinadas a realidade brasileira e língua portuguesa. Os professores acreditam que os conteúdos não serão divididos igualmente, e que o português provavelmente terá uma presença maior.
COMO SERÁ A PROVA DISCURSIVA DO CNU 2025?
Serão duas questões discursivas para o nível superior, com 30 linhas cada -no CNU 2024, era apenas uma questão discursiva de 30 linhas. Adriana diz que a nota é dividida entre 50% para domínio da língua portuguesa e 50% de conteúdo específico.
“Se a redação tiver muitos erros de português, a nota pode cair pela metade. Aspectos relacionados ao conhecimento de português, como organização das ideias, paragrafação adequada, uso correto de conectivos e progressão lógica do raciocínio são fundamentais”, comenta.
Já os candidatos de nível médio, tal como no ano passado, terão de escrever uma redação dissertativa-argumentativa, comum para provas intermediárias, como o próprio Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
O peso da discursiva corresponderá a cerca de 22,5% do total de pontos, segundo os professores. Para o concurso todo, são 200 pontos, sendo 30 para a prova de conhecimentos gerais, 120 para as questões específicas, 45 para a parte discursiva e 5 para os títulos -este último, que antes valia 10% da nota, neste ano valerá apenas 2,5%.
A edição do ano passado teve um único dia de aplicação para as provas objetiva e discursiva. Neste ano, a discursiva será aplicada no dia 7 de dezembro, dois meses depois da objetiva, em 5 de outubro. Para Letícia, essa mudança deve beneficiar os candidatos.
“Ano passado, muitos alunos não conseguiram finalizar a redação discursiva, não deu tempo, porque a prova era muito extensa. A nova data também vai ajudar, inclusive, em relação aos candidatos aprovados na objetiva, que terão mais dias para estudar”, afirma.
Na visão dela, o CNU ficou mais fácil com essa mudança. “E também por outros motivos, como o entendimento, porque nós sofremos ano passado até para entender o edital”, comenta.
O QUE MUDA NO CNU 2025?
Neste ano, haverá a correção igualitária das redações, garantindo que mulheres tenham o mesmo número de provas corrigidas que homens, e a ampliação do cadastro de reserva. “No edital anterior, o cadastro reserva correspondia a duas vezes o número de vagas para classificação. Agora, são três vezes. Isso aumenta as chances do candidato de ser aprovado”, diz Eduardo Cambuy.
Ele acrescenta ainda a questão da quantidade de especialidades por bloco. “A gente teve uma diversidade bem grande em relação ao CNU 1, com muitos cargos no bloco 5, por exemplo. Apesar de haver o bloco 7, que é só um, então tem menos possibilidade de escolhas para ranquear.”
Após problemas com o preenchimento do cartão-resposta, que levaram candidatos a contestarem a primeira edição na Justiça, o MGI (Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos) também decidiu implementar um sistema de código de barras para identificação dos candidatos.
VEJA O CALENDÁRIO DO CNU 2025
Inscrições – das 10h de 02/07/25 até 23h59 de 20/07/25 (pagamento até 21/07)
Solicitação da isenção da taxa de inscrição – 02/07/2025 a 08/07/2025
Prova objetiva – 05/10/2025
Convocação para prova discursiva – 12/11/2025
Convocação (confirmação de cotas e PcD) – 12/11/2025
Envio de títulos – 13/11/2025 a 19/11/2025
Procedimentos de confirmação de cotas – 8/12/2025 a 17/12/2025
Prova discursiva para habilitados na 1ª fase – 07/12/25
Previsão de divulgação da primeira lista de classificação – 30/01/2026