SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com vídeos dançando atrás da mesa de som e sets cheios de personalidade, Mochakk virou um dos DJs brasileiros mais comentados da atualidade. Nesta sexta-feira (18), ele estreia em São Paulo a nova fase do Mochakk Calling, sua festa com uma proposta própria.

“A gente não quer parecer um festival nem uma festa genérica. Queremos um projeto com alma, com direção artística, com a nossa cara”, diz Pedro Luiz Nunes Maia -nome que aparece na certidão de nascimento de Mochakk- em entrevista à reportagem.

A festa já passou por cidades como Lisboa, Madri, Nova York e Santiago, e chega agora à capital paulista com um novo palco e conceito visual, que serão apresentados pela primeira vez no Brasil. “A de São Paulo é a mais aguardada do ano pra gente. Ano passado foi a edição mais maneira de todas”, conta.

O projeto começou com artes e ativações usando telefones, postes e coordenadas, algo que se tornou a marca visual do evento. “Acabou virando um trocadilho interessante com essa coisa de ligar para várias cidades e fazer essa festa acontecer em vários lugares como se fosse um chamado”, diz.

O line-up do Calling também é pensado como um reflexo da cidade por onde a festa está passando. Em vez de repetir fórmulas, Mochakk diz que busca adaptar à cena local. Para ele, o projeto funciona como vitrine de talentos.

Nada disso parecia provável quando, aos 15 anos, em Sorocaba (interior de SP), Pedro começou vendendo ingressos de festas na escola para o amigo Cesar Nardini. Até que aprendeu com ele e deu os primeiros passos na música. Hoje, os dois são sócios em uma gravadora.

Com um sucesso crescente desde de meados de 2021, o DJ, que hoje tem 25 anos, já conquistou espaço em grandes festivais internacionais como Kappa Futur, Time Warp e Sónar. E, apesar da rápida ascensão e de uma multidão crescente de fãs, ele diz que prefere manter tudo sob controle.

“Eu não quero ser gigante”, afirma. “Quero ter meu próprio ecossistema que funciona pra galera que curte a minha parada e poder usar minha plataforma para evidenciar outros artistas que acho que são legais.”

A vontade de criar também não se limita à música. Nos últimos anos, Mochakk passou a investir também no design, retomando o interesse que o levou a cursar -por um breve período- moda. “A música começou a dar certo, começou a dar uma graninha razoável para me manter”, diz sobre não ter seguido no curso. Ele avalia que era impossível manter o estudo e a carreira na época.

Mesmo fora da sala de aula, essas referências continuaram presentes. Um exemplo é a Soro, marca de roupas modulares e desmontáveis que lançou recentemente. As peças foram pensadas para múltiplos usos, com foco na liberdade de quem veste -ele compara com o brinquedo Lego. “A ideia é meio que ser um incentivo à criatividade do próprio usuário da marca”, explica. Ele adianta que a segunda coleção cápsula da marca deve ser lançada ainda este ano.

Por trás do prestígio internacional e das grandes oportunidades, no entanto, há uma rotina exaustiva. Voos em sequência, noites mal dormidas, refeições apressadas… Em 2023, foram cerca de 160 apresentações -uma maratona que cobrou seu preço.

“Zuei dois discos da coluna”, conta, explicando que a má postura, a alimentação irregular e o ritmo frenético da estrada acabaram cobrando a conta. Desde então, ele tenta se cuidar melhor.

Quando está fora dos palcos, Mochakk diz que prefere levar uma vida comum e enumera como prazerosas atividades como andar de metrô, ir à feira e frequentar restaurantes onde passe despercebido. “Gosto de ser um cara normal”, diz.

Nem sempre é possível. Rindo, ele lembra de quando foi abordado por um fã que pediu foto no mictório do banheiro de um aeroporto.

Apesar das exigências da vida artística, ele reconhece que há compensações que tornam o esforço válido. Em uma viagem a trabalho, por exemplo, acabou em Mônaco jogando futebol com pilotos de Fórmula 1 e jogadores profissionais -uma situação improvável que, para ele, resume bem o tipo de coisa que a carreira tem proporcionado. “São tantas coisas ‘daora’ acontecendo o tempo todo que parece uma metralhadora de sonho realizado”, resume.