Da Redação

Em rede nacional nesta quinta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu o tom contra a decisão do governo americano de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Em discurso direto e sem meias palavras, Lula classificou a medida como “chantagem inaceitável” e fez duras críticas a brasileiros que, segundo ele, apoiam as retaliações vindas dos Estados Unidos.

“Aqueles que torcem contra o Brasil e defendem essas ameaças externas não são apenas irresponsáveis, são traidores da pátria”, declarou o presidente em um pronunciamento de quase cinco minutos transmitido pelas principais emissoras do país. O recado, embora sem citar nomes, mirava diretamente aliados de Jair Bolsonaro, como o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem feito lobby nos EUA por sanções contra o atual governo.

Lula ainda afirmou que o Brasil buscou o diálogo com Washington e chegou a enviar uma proposta formal de negociação em maio. “Recebemos como resposta não um argumento, mas uma ameaça baseada em mentiras”, disse. Para o presidente, a ofensiva de Trump tem claro objetivo político e representa uma tentativa de desestabilização institucional.

A fala de Lula veio horas após mais uma demonstração de alinhamento entre Trump e Bolsonaro. Em nova carta divulgada nas redes sociais, o ex-presidente americano chamou o julgamento de Bolsonaro de “vergonha” e voltou a pedir o fim do processo no STF, ignorando a independência do Judiciário brasileiro.

Lula rebateu: “O Brasil respeita a legalidade, o contraditório e a ampla defesa. Qualquer tentativa de influenciar nossas instituições é um ataque à nossa soberania”.

Enquanto isso, o Planalto tenta contornar a crise pelo caminho diplomático. O vice-presidente Geraldo Alckmin lidera conversas com representantes do setor privado e da classe política. A palavra de ordem no governo é evitar uma escalada no conflito e proteger a economia nacional.

“O país inteiro está sendo ouvido: empresários, sindicatos, agricultura, comércio e indústria. Estamos unidos na defesa dos interesses do Brasil”, finalizou o presidente.

A tensão, porém, está longe de arrefecer. Do outro lado do oceano, o governo americano já deixou claro que as tarifas entrarão em vigor a partir de 1º de agosto — e que o clima entre os dois países dificilmente voltará a ser o mesmo enquanto persistirem os embates judiciais contra Bolsonaro.