GOIÂNIA, GO (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) criticou as elites brasileiras nesta quinta-feira (17) durante o 60º Conune (Congresso da União Nacional dos Estudantes), realizado na UFG (Universidade Federal de Goiás), em Goiânia. Esta edição teve como tema “O Brasil se une pela soberania”.
No auditório da universidade, estudantes entoavam gritos contra Donald Trump e Jair Bolsonaro, além de enaltecimentos da soberania da América Latina. Entre eles, o coro de “sem anistia e sem perdão, eu quero ver Bolsonaro na prisão”.
Um dia antes, integrantes do governo afirmam que a oscilação positiva na avaliação da gestão petista, vista em pesquisa desta quarta-feira (16) da Genial/Quaest, pode ser atribuída à campanha de defesa da justiça tributária estimulada pelo Palácio do Planalto nas últimas semanas.
Nas últimas semanas, após o Congresso ter derrubado decretos do governo federal que tratavam do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), ministros, parlamentares governistas e o próprio presidente reforçaram o discurso político de que é preciso cobrar dos ricos em favor dos pobres.
No evento desta quinta-feira, estiveram presentes os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Saúde), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Camilo Santana (Educação), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Margareth Menezes (Cultura).
Ministros reforçaram o discurso a favor da isenção de imposto para os mais pobres e taxação dos mais ricos, além de menções à defesa da soberania brasileira. Do lado de fora do auditório, houve relatos pontuais de brigas entre os participantes do congresso e apoiadores de Bolsonaro.
Em sua fala, Lula fez menções ao atraso do Brasil no acesso a faculdades para negros e indígenas.
“Agora, quando terminar meu mandato em 2026, vamos ter mais institutos federais espalhados por esse país. Em pouco mais de 15 anos, vamos fazer três vezes mais o que eles fizeram em um século”, disse.
Na véspera, cinco pessoas morreram, entre elas três jovens que estavam a caminho do Congresso, em um acidente envolvendo um ônibus e um microônibus que transportavam os estudantes e uma carreta.
As vítimas foram os estudantes Welfesom Campos Alves, Leandro Souza Dias, e Ana Letícia de Araújo Cordeiro, o motorista do ônibus, Ademilson Militão de Oliveira, e o motorista do caminhão, Keyne Laurentino de Oliveira. O nome dos três foi exposto no telão no início do evento, com homenagens
Os dois veículos com estudantes faziam parte de um comboio que saiu da UFPA (Universidade Federal do Pará) em direção a Goiânia para participar do Congresso, segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Antes do evento do Conune, Lula se reuniu com cerca de cinco integrantes da caravana de estudantes do Pará, entre eles o irmão de uma das vítimas. O encontro ocorreu aa portas fechadas para prestar solidariedade ao grupo.
Na data do acidente, Lula já havia manifestado solidariedade ao jovens e suas famílias por meio de nota.
“Neste momento de dor, manifesto a solidariedade às famílias e amigos das vítimas e aos colegas, professores e a toda a comunidade universitária atingida. Que as famílias encontrem conforto e amparo para atravessar este momento tão difícil”, diz o texto.
O Congresso ocorre de 16 a 20 de julho e tem a expectativa de receber mais de 10 mil estudantes de todo o país. O auditório recebeu cerca de 3.000 pessoas nesta quinta, segundo a UNE.
Goiás é reduto eleitoral de Ronaldo Caiado (União Brasil), governador do estado, que não participou do evento. Apesar de integrar um partido da base de Lula, Caiado é declarado apoiador de Jair Bolsonaro (PL), tendo se manifestado, inclusive, a favor da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro.