BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se esquivou de qualquer responsabilidade pela decisão de Donald Trump de sobretaxar o Brasil. Ele agradeceu a Deus pela eleição do aliado nos Estados Unidos e culpou o governo Lula (PT) pelo entrave comercial e político com os americanos.

Pressionado pela sobretaxa de 50% aos produtos importados brasileiros, Bolsonaro disse não ter “essa liberdade toda” com Trump, mas pediu a devolução do passaporte dele para ir aos EUA negociar com o republicano.

Mesmo tendo sido citado por Trump na carta em que o Brasil foi comunicado do tarifaço, Bolsonaro atacou o governo Lula e disse que o tarifaço não está sendo aplicado somente ao Brasil —desconsiderando assim as diferenças de alíquota, na comparação com outros países.

O ex-presidente também ignorou os apelos de sanção feitos pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos Estados Unidos, onde está desde março para pressionar o governo americano a tomar medidas contra o STF (Supremo Tribunal Federal) diante da investigação da trama golpista que mira seu pai e aliados.

“Não é com o Brasil, é com o mundo. Graças a deus o Trump foi eleito, podemos sonhar aqui no Brasil em restabelecer nossa democracia. Eduardo está lutando lá para restabelecer nossa liberdade, não temos mais liberdade”, disse Bolsonaro.

A situação política de Bolsonaro, acusado de tentar um golpe de Estado, foi citada por Trump na carta em que anunciou a sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros importados. Segundo o republicano, o Brasil está fazendo “uma coisa horrível” com o ex-presidente.

“Eu acho que teria sucesso tendo uma audiência com o presidente Trump. Acho que teria sucesso. Estou à disposição”, disse, ao ser perguntado se havia pedido a devolução do passaporte.

O ex-presidente disse que a aprovação de uma anistia aos envolvidos pelos ataques em 8 de Janeiro —o que poderia incluir ele próprio— não seria muito para reverter a sobretaxa aos produtos brasileiros.

Bolsonaro também elogiou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), alvo de ataques de Eduardo. O ex-presidente disse que o governador está fazendo mais do que o governo Lula, mas não conseguirá resolver a situação do país.

“Tarcísio está fazendo a parte dele, parabéns para o Tarcísio. Ele está buscando o apoio de exportadores, de empresários, é uma voz importante, o estado de São Paulo. Estado de São Paulo tem quase 40% do PIB”, disse.

“Mas ele não vai, o Trump, no meu entender, resolver a questão de exportadores de São Paulo. É o Brasil como um todo. O Tarcísio faz mais do que, nem sei o nome, o cara do Itamaraty. É tão insignificante que nem sei o nome dele”, concluiu, em referência ao chanceler Mauro Vieira.