RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Na estreia como técnico do Botafogo, Davide Ancelotti apontou que faltou sorte. Em poucos clubes isso seria tão significativo quanto no supersticioso ambiente botafoguense.

Contra um Lucas Arcanjo que, na perspectiva do time da casa, foi um anjo mau, muitas defesas e a trave mantiveram o placar no 0 a 0.

“Não tivemos sorte, mas temos que melhorar também”, resumiu.

Mas para onde ir? No tom de brincadeira, Davide até pensa em trocar de roupa para o próximo jogo. O ritual pré-estreia como treinador à beira do campo —e logo em casa— teve pouco sono.

“Dormi um pouco, uns 30 minutos. Não dormi bem, mas procurei dormir. Estou tranquilo, feliz. Vai ser um dia que não vou esquecer. Queria ganhar, mas no futebol nem sempre se pode ganhar. (Sobre superstição) Vou trocar a roupa? Não sei, vou ver. Vamos procurar fazer algo para o próximo jogo”, respondeu o treinador.

Falando sério, sabe que a equipe precisa assimilar melhor questões ofensivas e se entender melhor, considerando a chegada de novos jogadores.

“Claramente eu preciso utilizar os jogos (para conhecer o elenco) porque não temos muitos treinos. Preciso de tempo para conhecer todos. Todos vão ter oportunidade. Temos perfis de jogadores que gostam de jogar entrelinhas e temos que aproveitar isso”, explicou o italiano.

O primeiro ato pós-estreia será ligar para o pai, Carlo Ancelotti. O treinador da seleção não está no Brasil. Só volta ao Rio em 1º de agosto. Até lá, o contato será à distância.

“Meu pai é a primeira pessoa que vou ligar depois de um jogo. A opinião dele é muito importante como pai e profissional. Isso é claro”, contou o técnico alvinegro.

Mas o próprio Davide já fez alguns diagnósticos sobre como quer um Botafogo eficaz no ataque.

O esquema preferido é com linha de quatro na defesa mesmo, variando de um 4-3-3 para um 4-2-3-1 (que foi o da estreia). Sem a bola, a proposta é que o time marque num 4-4-2.

Savarino tem um papel importante na engrenagem. Davide enxerga o venezuelano como um meia na faixa central e não um ponta pela esquerda. Mas pediu que ele flutuasse por aquele setor para se aproximar das combinações com Montoro e a chegada do lateral-esquerdo Alex Telles.

Os pontas, inclusive, têm papel importante para alimentar Arthur Cabral, que larga nessa nova fase sem Igor Jesus como centroavante titular. Pés invertidos para propiciar cruzamentos. O Vitória escapou de levar gols em pelo menos três situações claríssimas pelo alto.

O Botafogo também já passou a viver a fase pós-Gregore. A escalação de Allan desde o início contra o Vitória foi o recado claro. Davide já o conhece desde os tempos de Napoli. O pedido para o meio-campista foi para que ele se alinhasse mais à direita na linha de zaga, liberando as subidas de Vitinho.

A proposta é que isso gere uma união entre a “sorte”, que faltou contra o Vitória, e um jogo intenso e ofensivo.

“A ideia é chegar à área sempre. Para ter oportunidade de marcar gols tem que ter jogadores na área e recuperar a bola alto e rápido. A identidade do clube é um futebol com coragem. Tento fazer isso”, explicou o treinador.

A possível roupa nova de Davide Ancelotti será testada no domingo, fora de casa, contra o Sport, na Ilha do Retiro. Um jogo contra o lanterna do Brasileirão é uma ocasião perfeita para tudo isso funcionar.