Da Redação

O sistema de pagamentos instantâneos que conquistou os brasileiros está prestes a dar mais um passo importante: a função de parcelamento via Pix tem lançamento previsto para setembro. Com ela, consumidores poderão dividir o valor de compras direto no Pix, enquanto os vendedores receberão o pagamento integral na hora — algo que nem os cartões de crédito tradicionais oferecem de forma tão imediata.

A nova funcionalidade deve fortalecer ainda mais a presença do Pix no dia a dia da população e das empresas. Criado pelo Banco Central em 2020, o sistema já lidera com folga o ranking dos meios de pagamento no Brasil, com mais de 6 bilhões de transações por mês e um volume financeiro que ultrapassa R$ 2,8 trilhões.

Cartões na berlinda — e os EUA de olho

Esse sucesso meteórico, no entanto, começa a gerar desconforto fora do país. O Escritório do Representante do Comércio dos Estados Unidos (USTR) abriu uma investigação contra o Brasil alegando práticas comerciais desleais. Embora não cite nominalmente o Pix, o órgão aponta que o Brasil estaria favorecendo sistemas de pagamento desenvolvidos pelo governo — uma crítica indireta ao modelo do Banco Central.

A movimentação acontece num contexto em que empresas norte-americanas — especialmente as que controlam bandeiras de cartões, como Visa e Mastercard — veem seu espaço sendo gradualmente ocupado por uma solução estatal, gratuita e de rápida expansão.

Pix mais poderoso a cada atualização

Neste ano, o Pix ganhou duas novidades importantes:

  • Pix por aproximação, que facilita pagamentos sem abrir o app do banco;
  • Pix automático, ideal para cobranças recorrentes como mensalidades de escolas, academias ou serviços de assinatura.

A próxima aposta é o Pix parcelado, que já existe em versões isoladas oferecidas por bancos, mas que agora passará a seguir diretrizes padronizadas pelo BC, o que promete aumentar a adesão e simplificar o uso. A padronização tornará a experiência mais segura e intuitiva, ampliando o acesso ao crédito para milhões de brasileiros.

O que mais vem por aí

Além do parcelamento, o Banco Central trabalha em outras evoluções do Pix:

  • Uma integração com boletos via QR Code, permitindo pagamentos híbridos;
  • Uso do fluxo de recebíveis do Pix como garantia de crédito para pequenos negócios (previsto para 2026);
  • E estudos para permitir transferências mesmo sem internet (Pix offline).

Essas medidas reforçam o papel do Pix como ferramenta de inclusão financeira e combate à concentração bancária. Segundo técnicos do próprio Banco Central, o sistema democratiza o acesso aos serviços financeiros e abre caminho para novos modelos de negócio — inclusive para fintechs e startups brasileiras.

Com tantas transformações em curso, o Pix não apenas desafia os cartões, como reconfigura o mapa global dos pagamentos — e atrai olhares atentos (e preocupados) das potências estrangeiras.