SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Campeã olímpica em Tóquio-2020, a baiana Ana Marcela Cunha, 33, terminou em sexto lugar a prova dos 10 km no Mundial de Esportes Aquáticos, disputada nesta quarta-feira (16), em Singapura, após adiamentos por causa do calor e da qualidade da água.
A nadadora reconheceu a frustração com o resultado e deixou aberta a possibilidade de não continuar competindo. “Óbvio que a gente treina e faz tudo para que seja não só pódio, mas para brigar pelo primeiro lugar. Sempre foi um sonho ganhar essa medalha de primeiro nos 10 km, ainda não foi e não sei se terei outra chance”, afirmou Ana Marcela em entrevista à TV Globo.
Ela completou a distância nesta quarta-feira em 2h09m21. O ouro ficou com a australiana vice-campeã olímpica Moesha Johnson, com o tempo de 2h07m51. A italiana Ginevra Taddeucci ficou com a prata (2h07m55), e a monegasca Lisa Pou fechou o pódio (2h07m57).
A próxima edição do Mundial de Esportes Aquáticos está programado para Budapeste, em 2027, quando Ana Marcela terá 35 anos.
Seu melhor resultado até aqui na prova foi a prata conquistada na edição de Barcelona, em 2013, quando a conterrânea Poliana Okimoto conquistou o ouro.
Ana Marcela também ficou três vezes com o bronze em 2022 e 2017, em Budapeste, na Hungria, e em 2015, em Kazan, na Rússia.
Eleita seis vezes a melhor nadadora de águas abertas do mundo, a soteropolitana também é hepta mundial, nas distâncias de 5 km e 25 km.
Na edição de 2024, em Doha, no Qatar, Ana Marcela terminou os 10 km na quinta posição, assegurando lugar nos Jogos de Paris.
Na capital francesa, a brasileira não conseguiu defender o título olímpico, terminando os 10 km no rio Sena na quarta posição.
Após a prova, a nadadora se emocionou e já colocou em dúvida ali sua participação na próxima edição dos Jogos. “Só quero dizer que deixei tudo hoje, do começo ao fim. Eu sabia que estava em quarto, mas saio sorrindo, feliz. Meu choro é porque não sei se vou ter outra possibilidade [de medalha].”
“O gás vai acabando, mas a minha chama ainda está bastante acesa, ou já teria parado. É algo que precisamos para o alto rendimento. Saí [de Paris-2024] querendo voltar para ganhar outra medalha. Não sei se vou ter mais um ciclo, mas, por enquanto, continuo querendo. No meu esporte há mais longevidade, a Poliana é um bom exemplo”, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo em setembro.
Poliana Okimoto conquistou nos Jogos do Rio, aos 33 anos, a medalha de bronze. Ana Marcela terá 36 nos Jogos de Los Angeles, em 2028.
“Seria o meu sexto ciclo olímpico, a quinta Olimpíada. Há um longo caminho ainda. Às vezes, eu me sinto velha porque completo em breve a maioridade [21 anos] de seleção absoluta [de natação], o que é muito tempo. E isso no topo do mundo, o que faz tudo mais desgastante.”
Assim como nas Olimpíadas na França, a qualidade da água voltou aos holofotes mais uma vez no Mundial em Singapura.
A prova da maratona estava programada inicialmente para segunda-feira (14), mas foi adiada pelo forte calor na região, e depois por causa da qualidade ruim da água na região da ilha de Sentosa, ao sul de Singapura.
“Quando eu bati, foi um alívio. A gente está há 36 horas [esperando a realização da prova], parece que é uma brincadeira até com os próprios atletas. Primeiro a preocupação era o calor, a água quente. E depois, do nada, a água com qualidade a desejar”, afirmou Ana Marcela.
Na categoria masculina, o ouro ficou com o alemão Florian Wellbrock (1h59m55), campeão olímpico em Tóquio. A prata ficou com o italiano Gregorio Paltrinieri (1h59m59) e o australiano Kyle Lee (2h00m10) levou o bronze.