Da Redação
Em um esforço diplomático e estratégico para frear os impactos da decisão dos Estados Unidos de elevar para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, se reuniu nesta terça-feira (15) com representantes da indústria e do agronegócio. O encontro teve como foco traçar caminhos de negociação antes que as medidas entrem em vigor em 1º de agosto.
Alckmin ouviu representantes de setores fortemente impactados — como aço, alumínio, calçados, têxteis, papel e celulose — e saiu da reunião com um recado claro: empresários brasileiros confiam na atuação do governo federal, mas não querem retaliações precipitadas. A prioridade, segundo eles, é buscar o diálogo e, se possível, adiar a implementação da nova tarifa.
“Estamos diante de um desafio, mas também de uma oportunidade para fortalecer nossos canais de diálogo internacional”, disse Alckmin. Ele reforçou que o presidente Lula está diretamente envolvido nas articulações para tentar reverter o aumento das tarifas.
O vice-presidente também chamou atenção para o desequilíbrio nas trocas comerciais entre os dois países. De janeiro a junho, as exportações dos Estados Unidos para o Brasil cresceram quase três vezes mais que as brasileiras para o território americano. “É um momento de união. Se os preços subirem lá, a pressão também será interna nos EUA”, afirmou.
O setor produtivo brasileiro se comprometeu a mobilizar seus parceiros internacionais — empresas compradoras, fornecedoras e associadas — para pressionar o governo norte-americano. A expectativa é de que o impacto das tarifas também seja sentido no bolso do consumidor americano, o que pode criar um ambiente favorável à negociação.
Na parte da agropecuária, o ministro Carlos Fávaro reforçou que o governo Lula já vinha trabalhando na diversificação de mercados para reduzir a dependência dos Estados Unidos. Desde o início do atual mandato, o Brasil abriu 393 novos mercados para produtos do campo. Mesmo assim, Fávaro defende que manter as exportações para os EUA é estratégico, especialmente diante da expectativa de alta nas vendas de carne em 2025.
“A diplomacia brasileira está ativa, mas sem subserviência. O diálogo continua aberto, com firmeza e respeito à soberania nacional”, declarou.
Agora, o governo aposta em uma ofensiva coordenada entre Estado e setor privado para evitar que a nova barreira comercial entre em vigor — e traga prejuízos bilaterais difíceis de reverter.