RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Nove meses após a morte do irmão, Antonio Cicero, Marina Lima, 69, falou publicamente pela primeira vez sobre a escolha do poeta e filósofo pela eutanásia, motivada pelo diagnóstico de Alzheimer. Aos 79 anos, Cicero se submeteu ao procedimento de morte assistida na Suíça. “A morte dele faz parte da obra dele. Cicero não deixou barato em nenhum momento, não traiu suas convicções”, disse Marina durante entrevista ao programa Conversa com Bial, exibido nesta segunda-feira (15) no GNT.
A cantora disse sentir orgulho da atitude do irmão e questionou a ausência de legislação sobre o tema no Brasil. “Por que tem que ir para o exterior para fazer isso? Não entendo”, afirmou.
Segundo Marina, Cicero manteve sua decisão em segredo para evitar interferências. “Ele não conversou com ninguém, acho que tinha medo que alguém interferisse. Eu jamais iria interferir, conheço ele desde que nasci. Sei como era racional e decidido. Ele só contou para o Marcelo, marido dele há mais de 40 anos”, explicou a cantora.
Ela revelou ainda que soube do procedimento na véspera. “Ele tinha ido a vários shows meus naquele período e eu não percebi. Ele estava tão feliz… Nos shows eu sempre o homenageava. Desconfiei quando ele me ligou dizendo que estava na Suíça. Quando ele falou isso, eu já entendi. Só soube na véspera.”
Marina também destacou a personalidade do irmão: “Cicero sempre foi ateu, nunca acreditou em nada, mas viveu a vida até a última gota. Adorava a vida, era um aventureiro, poeta, filósofo, dono de uma inteligência impressionante.”
Antonio Cicero Correia Lima foi poeta, compositor, crítico literário, filósofo e escritor. Entre suas parcerias musicais estão sucessos com Marina Lima, como “Fullgás” e “Pra Começar”, além de composições com Waly Salomão, João Bosco, Orlando Morais, Adriana Calcanhotto e Lulu Santos. Em 10 de agosto de 2017, Cicero foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL).