BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta terça-feira (15) ter vergonha do pedido de condenação da PGR (Procuradoria-Geral da República) dele e dos outros sete réus do núcleo central do caso da trama golpista.
“Como é que eu vou provar que eu não quebrei nada no Palácio, se eu tava nos Estados Unidos? Não tem o que discutir. É uma vergonha esse relatório do Paulo Gonet [procurador-geral da República]”, disse em entrevista ao portal Poder360.
O ex-presidente já foi condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por ataques e mentiras sobre o sistema de votação e é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) sob a acusação de ter liderado a trama golpista. Hoje está inelegível até 2030.
As alegações finais da acusação foram entregues pela PGR nesta segunda-feira (14).
“É uma denúncia que fica difícil se defender. É quase como se defender de ter matado um marciano, e nem o corpo do marciano estava ali”, disse Bolsonaro.
O ex-presidente voltou a dizer que não estava no Brasil durante os ataques golpistas de 8 de janeiro e que, portanto, não poderia ser acusado de depredação de patrimônio público. A PGR, na verdade, não o acusa de diretamente depredar o patrimônio, mas de articular atos que levaram ao 8 de Janeiro.
Bolsonaro declarou também que, quando Gonet foi escolhido para ser indicado ao cargo por Lula (PT), não tinha problema nenhum com ele. “Lula errou né, está botando uma pessoa que é cristã, tem boa fama. E parece que ele mudou de ideia”, afirmou.
O ex-presidente negou ainda ter intenção de deixar o país. Ele está com o passaporte retido em razão das investigações. “Estou com 70 anos, cheio de problema de saúde, como é que vou para outro país? Outra, quero ver esse julgamento meu. Estou falando para vocês aqui e vou começar a falar para a imprensa, como vou ser responsável por danificar patrimônio se tava nos Estados Unidos?”, questionou.