RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Cantor, ator, drag queen, dublador. Diego Martins, 28, exerce todas essas funções e ficou conhecido do grande público ao interpretar Kelvin em “Terra e Paixão”, da Globo, há dois anos. Foi sua estreia na televisão, mas ele, que se define como multiartista, tem uma trajetória longa no teatro musical -e agora vai investir em seu lado cantor.
Depois de vencer o reality Queen Stars Brasil e formar o trio Pitayas, o artista paulista está lançando um álbum, “Tanto” (Universal). Em entrevista, ele fala sobre o novo projeto, o medo de perder o controle criativo e o desejo de viver personagens para além da sexualidade: “Não estudei para ser um ator gay. Eu sou gay porque essa é a minha vida e estudei para ser ator.”
Leia abaixo os principais trechos da conversa com a reportagem.
Cantor ou ator? Ou os dois?
“Eu sempre quis fazer tudo, sinceramente. Cresci fazendo de um tudo. Sempre fui muito incentivado pelos meus pais. A minha primeira grande paixão mesmo, o primeiro grande amor, foi o teatro. Mas gosto de misturar as artes e não sou nenhum ator que canta ou um cantor que atua, sabe? Eu sou artista, e ponto.”
Estigmatização
“Não tenho medo, mas me incomoda. Acho que as oportunidades precisam ser dadas de maneira mais ampla para os atores, no geral. Fiz um personagem de muito sucesso, que era um personagem gay (Kelvin de “Terra e Paixão”, 2023), mas vou fazer quantos personagens eu quiser, sendo gays ou não. Quero o mesmo tanto de oportunidades para fazer personagens cujas narrativas sejam outras e não apenas sobre suas sexualidades.”
Um novo Kelvin?
“Aceitaria interpretar um personagem gay novamente, e quem sabe com uma narrativa completamente diferente do Kelvin, que tinha um sonho de casar, construir uma família. Já disse uma vez que não estudei para ser um ator gay. Eu sou gay porque essa é a minha vida; eu estudei para ser ator. Então, um ator faz qualquer tipo de papel. Existe, sim, esse estigma, e é preocupante. Mas eu faço tantas outras coisas que não chega a me machucar, sabe? A gente vai lutando, vai conversando com produtores de elenco e vai abrindo as cabeças por aí também.”
Estilo e referências musicais
“Meu estilo é pop. A gente gosta de chamar de um novo pop, na verdade, porque aqui no Brasil o estilo se mistura com vários gêneros musicais. Cresci ouvindo de tudo: Zé Ramalho, Queen, Madonna, Gilberto Gil. Depois fui mais para o pop, e a minha grande inspiração é Lady Gaga, por ser multiartista como eu. Gosto muito de Liniker, Marina Sena, Charli XCX e Billie Eilish.”
Contrato com a Universal
“Em 2022, eu e mais duas drags maravilhosas, Red e Leila, vencemos o “Queen Stars Brasil” e formamos o trio Pitayas. Além do dinheiro, a premiação previa a gravação de um EP pela Universal, com direito a um clipe. Ali senti o gostinho de fazer parte do casting da gravadora por um tempinho. Agora foi tudo muito rápido. Conversamos, assinamos contrato e gravamos. Meu álbum “Tanto” está chegando.”
Projeto autoral
“Eu participo de tudo! Eu e a minha equipe: Larissa Castilho e Lennon Silva. Claro que agora tem a Universal, e nós tivemos que dividir todas as decisões, mas me senti confortável. Tive muito medo dessa coisa de “a gravadora é quem manda”. Não aconteceu. A palavra final era minha.”
“Tanto”
“É um álbum que fala de amor. Sou uma pessoa que gosta muito de falar de romance, de temas românticos, mas quase sempre sob outros pontos de vista. Gosto de brincar com a melancolia, a saudade, o abandono, o aprender a estar sozinho de novo. É um trabalho em que me exponho muito.”
O que vem por aí
“Estou focado no lançamento do álbum. Gravei um filme no final do ano passado e acredito que vai sair ainda este ano. Nos próximos dias chega aos cinemas “Smurfs: O Grande Filme”, em que dublei um smurf chamado Sem Nome, que tem uma história linda. Televisão? Tem coisa para vir, mas existe o lance de confidencialidade, e não posso falar nada.”