Da Redação

Jair Bolsonaro (PL) afirmou a aliados que não pretende deixar o Brasil, mesmo que venha a ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-presidente disse que não suportaria a ideia de se afastar da esposa, Michelle Bolsonaro, e que, por isso, não considera a hipótese de pedir asilo político nos Estados Unidos. “Não aguento ficar longe da Michelle”, teria confidenciado, segundo apuração da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Michelle, além de presidente do PL Mulher, é uma das principais apostas da direita para as eleições de 2026. Cotada tanto para o Senado quanto para a Presidência da República, ela se mantém ativa politicamente no Brasil, o que fortalece o argumento de Bolsonaro para não sair do país. Segundo ele, mesmo em caso de prisão domiciliar, poderia manter contato próximo com ela e com os filhos — à exceção de Eduardo Bolsonaro, que reside nos Estados Unidos.

A possibilidade de buscar refúgio em território americano já foi considerada nos bastidores, especialmente após manifestações de apoio do ex-presidente Donald Trump, que chegou a afirmar que Bolsonaro é alvo de perseguição política. Apesar disso, o ex-presidente brasileiro avalia que uma eventual prisão no Brasil seria menos desgastante, por estar próximo da família e por acreditar na possibilidade de uma futura anistia.

Outro fator que pesa na decisão é a saúde de Bolsonaro. O ex-presidente já enfrentou diversas complicações médicas nos últimos anos e, de acordo com pessoas próximas, ficou surpreso com os altos custos da saúde nos EUA durante a temporada que passou no país em 2023.

A avaliação de seus aliados é que uma eventual fuga poderia comprometer a imagem de Bolsonaro entre seus eleitores mais fiéis. Evitar qualquer gesto que soe como covardia é visto como essencial para manter sua base mobilizada — especialmente diante da possibilidade de Michelle assumir um papel de protagonismo político nos próximos anos.

Na última terça-feira (14), a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou um pedido de condenação contra Bolsonaro, acusando-o de integrar uma organização criminosa. A expectativa é que o julgamento avance ainda este ano e que, em caso de condenação, o ex-presidente cumpra pena em regime domiciliar.