Da Redação

Em um discurso com clima de ultimato nesta segunda-feira (14), na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifas de 100% sobre produtos da Rússia caso não haja um cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia nos próximos 50 dias. A medida, segundo ele, também incluiria sanções indiretas a países que continuarem negociando com Moscou — o que pode atingir grandes parceiros comerciais da Rússia, como Brasil e China.

“Se não houver acordo, vamos com 100%. É direto, é isso. Espero que não seja necessário, mas é o caminho”, disse Trump, ao explicar que as chamadas “tarifas secundárias” poderão ser aplicadas a outras nações envolvidas comercialmente com o governo de Vladimir Putin. No entanto, o republicano não especificou quem exatamente seria atingido.

A ameaça reacende uma tática conhecida do ex-presidente norte-americano: o uso agressivo de tarifas como instrumento de pressão política. Na semana passada, Trump já havia anunciado um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto, condicionando a retirada da medida ao fim do que chamou de “perseguição” contra Jair Bolsonaro (PL) por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), no processo do 8 de Janeiro.

Apesar da pressão, a resposta brasileira não foi de recuo. Pelo contrário: sondagens internas do PL apontam que a popularidade do presidente Lula (PT) teria subido após o anúncio de Trump, enfraquecendo o impacto político da ameaça.

Trump também voltou sua artilharia contra a União Europeia e o México, prometendo taxações de 30% às importações desses blocos, também com vigência em agosto. Em reação, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, disse que a UE está preparada para revidar com tarifas que totalizam 21 bilhões de euros (cerca de R$ 134 bilhões), caso Washington siga com os planos.

Com ameaças cruzadas e retaliações à vista, o tabuleiro global de comércio começa a lembrar mais um campo de batalha do que uma arena de cooperação econômica.