CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Quando o pano que cobria o Renault Boreal foi retirado, a plateia formada por jornalistas e influenciadores digitais reagiu com um espanto raro no setor. A montadora francesa havia guardado bem o seu segredo, que vai chegar às ruas em novembro.

Os faróis lembram um origâmi. Na traseira, as lanternas resistem à moda da interligação por meio de barra luminosa. Cada uma está em seu canto.

O carro é resultado do investimento de R$ 2 bilhões na fábrica de São José dos Pinhais (PR). O valor faz parte de um ciclo maior, de R$ 5,1 bilhões, que teve início em 2021 e termina neste ano.

Esperava-se por um SUV rústico, mas o que foi revelado se aproxima dos modelos mais luxuosos oferecidos pelas marcas de grande volume no Brasil, como Jeep Commander e Chevrolet Equinox. Há, contudo, um grande desafio nessa nova estratégia.

O Boreal busca novos consumidores, mas também precisa reconquistar o público que se acostumou com os bancos aveludados da minivan Scénic ou da perua Mégane Grand Tour, ambas fora de linha há tempos. São segmentos que perderam relevância diante do avanço dos SUVs, e a Renault jamais ofereceu um modelo mais refinado nessa categoria.

Desde o lançamento do sedã Logan, em 2007, a marca francesa passou por um longo ciclo de modelos populares. Seu carro mais rebuscado no período foi o SUV compacto Captur, que ficava devendo em acabamento e equipamentos. O Boreal terá de superar a falta de tradição.

Seu desenho convence, mas é na cabine que o novo modelo se destaca. Há bom espaço para todos os ocupantes, além de um porta-malas com 522 litros de capacidade. As forrações da versão apresentada combinavam tons de azul e cinza escuro, com superfícies macias ao toque.

O sistema de som Harman Kardon tem dez alto-falantes. A Renault diz que seu desenvolvimento foi feito em parceria com Jean-Michel Jarre, considerado o pai da música eletrônica na França.

Sob o capô há o motor 1.3 turbo flex (163 cv), que deve ganhar sistema híbrido em 2026. O câmbio automático é de dupla embreagem, com seis marchas.

Com 4,56 m de comprimento, o Boreal é maior que Jeep Compass (4,40 m) e Toyota Corolla Cross (4,46 m), que lideram as vendas entre os SUVs médios. Esse carros irão crescer na próxima geração, mas, por enquanto, parecem acanhados diante do porte do modelo de origem francesa.

Mas tamanho não é tudo, e a Renault vai precisar superar anos de distância de um público disposto a gastar cerca de R$ 200 mil em um automóvel. Embora ainda não tenha revelado o preço de seu futuro lançamento, a montadora busca recuperar a rentabilidade de seus produtos. Eduardo Sodré

*O jornalista viajou a convite da Renault