BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O PT está impulsionando no Facebook e no Instagram com até R$ 34 mil um vídeo que retrata o ex-presidente Jair Bolsonaro como um boneco de ventríloquo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O público-alvo é de mais de 1 milhão de pessoas.

O movimento é parte de uma tentativa de desgastar a oposição e fortalecer o presidente Lula.

Os impulsionamentos são feitos para a plataforma mostrar determinada publicação a um número maior de pessoas. O PT deve pagar de R$ 20 mil a R$ 25 mil em uma das postagens impulsionadas com esse vídeo e entre R$ 8.000 e R$ 9.000 na outra.

As informações estão disponíveis na página em que a Meta, dona do Facebook e do Instagram, divulga dados sobre o impulsionamento de postagens.

O vídeo em questão foi produzido com ferramentas de inteligência artificial. A peça mostra um boneco de ventríloquo semelhante a Bolsonaro vestindo um boné com os dizeres “make America great again” –façam os EUA grandes de novo, o principal slogan do grupo político de Trump.

“Isso mesmo, seu Trump! Tem que taxar mesmo”, diz o boneco em forma de Bolsonaro, chamado por petistas de “Bolsoneco”. A intenção do partido é aumentar o desgaste do bolsnarismo por causa da sobretaxa de 50% anunciada na quarta-feira (9) pelo presidente americano para as exportações do Brasil para os Estados Unidos.

O republicano mencionou o ex-presidente na carta em que divulgou o aumento de tarifa e afirmou que o julgamento sobre a trama golpista é uma “caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE” [a palavra foi escrita em letras maiúsculas no documento original]. O texto foi publicado na semana passada.

A medida veio depois de uma campanha conduzida nos Estados Unidos pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, filho de Bolsonaro, para pressionar o Brasil a anistiar seu pai e outras pessoas investigadas pelos ataques às sedes dos Poderes em 8 de janeiro de 2023.

Outros fatores influenciaram a sobretaxa anunciada por Trump, como tentativas de regular os negócios das grandes empresas de tecnologia americanas em território brasileiro. Mas os movimentos de Eduardo se sobressaíram no debate público.

A menção a Bolsonaro e a assuntos internos do Brasil na carta foi enquadrada pela cúpula do governo federal como um ataque à soberania nacional. Também passou a ser usada como forma de projetar a imagem de Lula como líder.

Logo depois do anúncio de Trump, o ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, publicou nas redes sociais uma frase que daria o tom das falas de governistas nos dias seguintes: “Lula quer taxar o super-ricos, Bolsonaro quer taxar o Brasil”.

A formulação juntou a resposta às taxas com o tema que até a semana anterior dominava as falas de integrantes do governo: a proposta de aumentar os impostos dos mais ricos para cumprir as regras fiscais.

O PT costuma sofrer derrotas nas redes sociais para os grupos bolsonaristas, mas obteve resultados acima da média nas últimas semanas. A disputa ficou mais equilibrada quando o governo e seus aliados passaram a falar sobre o aumento de impostos para os mais ricos.

O partido também impulsionou postagens sobre esse assunto, chegando a pagar de R$ 90 mil a R$ 100 mil para promover um dos vídeos relacionados ao tema. A Folha perguntou à legenda se gostaria de se manifestar a respeito dos impulsionamentos, mas não houve resposta até a conclusão deste texto.