SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Poucas horas depois de Donald Trump anunciar seu ultimato a Vladimir Putin para encerrar a Guerra da Ucrânia, forças russas voltaram a bombardear o vizinho. Ao menos 250 drones foram registrados voando a alvos no país, segundo a Força Aérea de Kiev.

No fim da noite desta segunda (14) no horário ucraniano, fim da tarde no Brasil, havia registro de danos e feridos em Kharkiv e Tchernihiv, no norte do país.

Mas balanços finais só ocorrem depois, até porque as ondas iniciais de drones são usualmente seguidas por ataques com mísseis balísticos ou de cruzeiro, com as defesas aéreas já saturadas.

É contra essas armas mais precisas e sofisticadas que Kiev pediu, sendo enfim atendida, um incremento em sistemas avançados de defesa antiaérea americanos Patriot. As baterias, de cara operação, são as únicas que conseguem interceptar mísseis balísticos e até hipersônicos.

Para os drones ficam sistemas menos avançados, alguns de origem soviética, e cada vez um número de drones de contra-ataque, que atingem os aviões-robôs a caminho de seu alvo. São armas muito mais baratas e de fabricação local, usualmente.

Nas últimas semanas, a Rússia tem exacerbado seus ataques aéreos, e Putin realizou o maior da guerra na quarta passada (9). A Ucrânia também elevou o número de ações com drones contra o vizinho, mas o volume de fogo não é comparável.

Como a Folha de S.Paulo mostrou no fim de semana, a guerra aérea de 2025 puxou ainda mais a violência do conflito iniciado em 2022, chegando a níveis inéditos.

Em solo, os russos também fazem ganhos. O Ministério da Defesa em Moscou anunciou ter conquistado mais duas cidadezinhas em Donetsk, região no leste do país cuja conquista total é um dos maiores objetivos militares de Putin na atual ofensiva de verão do Hemisfério Norte.

Os russos também avançam em três áreas que não reclamam para si no documento oficial que entregaram com sua lista de desejos para o fim do conflito, o que leva a dúvidas sobre as reais intenções do Kremlin.

Trump deu 50 dias para Putin se acertar com Volodimir Zelenski e iniciar um cessar-fogo, sob pena de ver sanções novas aplicadas à Rússia. Além de taxar 100% as importações americanas do país, o que teria efeito nulo dado o residual comércio bilateral, o republicano sugeriu a mesma taxa a países que compram petróleo russo.

Isso afetaria diretamente a China, a Índia e o Brasil, para ficar nos colegas da Rússia no grupo Brics, que já vinha sendo ameaçado pela guerra tarifária de Trump. Zelenski, que esteve mais cedo com o enviado americano a Kiev, Keith Kellogg, agradeceu o presidente ao telefone.

Ainda não houve um posicionamento oficial acerca do ultimato. Parlamentares russos foram à mídia denunciar o que chamaram de manobra de Trump, mas evitaram choque direto com o americano. A resposta deverá ocorrer na manhã desta terça (15), na usual entrevista diária do porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, com jornalistas.