BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Em uma maré de más notícias para a Casa Rosada, a inflação na Argentina voltou a subir em junho, ao contrário das promessas do governo de Javier Milei.
Após atingir o menor patamar do atual governo em maio, de 1,5% no mês, os preços tiveram uma leve aceleração, de 1,6% em junho, de acordo com dados do Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos) divulgados nesta segunda-feira (14).
Em 12 meses, a variação é de 39,4%; no primeiro semestre, de 15,1%.
O item que registrou a maior alta no último mês foi o de gastos com educação (3,7%), seguido por habitação, água, luz, gás e combustíveis (3,4%).
Após a saída da restrição da compra de dólares por pessoas físicas, a inflação em abril havia sido de 2,8%. O valor representou uma queda de 0,9 ponto percentual em relação aos 3,7% de março, após as medidas econômicas adotadas pelo governo em torno do levantamento do “cepo” e do início de um regime flutuante entre as bandas do valor do dólar.
Ainda assim, os analistas esperavam que a inflação subisse mais, para 1,9% em junho, com um reflexo na variação do câmbio e diferentes consultorias apontavam que o governo argentino ainda tem dificuldades em acumular reservas, o que compromete o programa de ajuste do presidente.
Na última semana, o governo sofreu uma derrota no Senado relacionada a leis importantes e se prepara para as próximas eleições, deixando incertezas sobre a direção econômica a ser tomada até o fim do ano.
Uma pesquisa da Reuters com 15 analistas apontava que a inflação para o Índice de Preços ao Consumidor seria de 1,9% em junho. Nas medições anteriores de 2025, as taxas foram de 2,2% em janeiro, 2,4% em fevereiro, 3,7% em março, 2,8% em abril e 1,5% em maio.
A C&T Economic Advisors indicou um aumento de 2% em junho, superando ligeiramente a estimativa de 1,8% e a taxa de 1,5% mencionada pelo Indec. A consultoria notou que a inflação em maio foi particularmente baixa devido a fatores não repetidos em junho. Projeções para julho apontam uma queda na inflação para 1,7%.
Termômetro para os dados nacionais, a cidade de Buenos Aires teve inflação de 2,1% em junho, afetada por elevações nos preços de aluguéis, transporte e alimentação. Assim, a inflação acumulada no semestre foi de 15,3% e 44,5% em comparação anual.
O relatório da agência de estatística de Buenos Aires mostrou que os preços de bens e serviços aceleraram, com a variação dos bens saltando de 0,8% em maio para 1,4% em junho, enquanto serviços passaram de 2% para 2,6%.
O aumento dos preços sazonais foi moderado, subindo apenas 1,2% em junho, em comparação com o índice geral. Apesar do aumento em passagens aéreas e pacotes turísticos, essa elevação foi compensada por quedas nos preços de hortaliças e leguminosas.
Os preços impostos, como as tarifas de transporte e educação, também aumentaram. O núcleo da inflação, medido pelo índice Rest IpcBA, subiu 2,2% no último mês.