SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sem se deixar intimidar pelo favoritismo do adversário, o Chelsea protagonizou uma das grandes surpresas da Copa do Mundo de Clubes neste domingo (13) ao derrotar o PSG (Paris Saint-Germain) por 3 a 0 diante de mais de 81 mil torcedores no MetLife Stadium, em East Rutherford, e sagrar-se campeão mundial pela segunda vez em sua história.

Classificado à competição pela conquista da Champions League na temporada 2020/21, o time inglês não vinha de grandes campanhas nos últimos anos, tanto na Premier League quanto no torneio europeu, e não era considerado um dos principais candidatos ao título antes de a competição começar.

Na fase de grupos, o jovem time inglês perdeu para o Flamengo por 3 a 1, na única derrota na campanha, e teve vitórias apenas protocolares contra Los Angeles FC e Espérance, passando em segundo em seu grupo sem apresentações de destaque.

Venceu na sequência o Benfica por 4 a 1 pelas oitavas de final, com três gols na prorrogação após expulsão no time adversário, em uma das partidas interrompidas pelo risco de temporal, e encerrou a boa e surpreendente participação dos clubes brasileiros deixando pelo caminho Palmeiras e Fluminense, por 2 a 1 e 2 a 0, respectivamente.

Na final, o Chelsea apresentou uma postura ainda mais agressiva e surpreendeu o time parisiense com uma marcação alta no campo ofensivo, arma comumente usada pelo time de Luis Enrique. Dessa forma, os comandados de Enzo Maresca dominaram as ações desde os minutos iniciais do primeiro tempo, rapidamente levando perigo ao gol de Donnarumma, principalmente com o meia inglês Cole Palmer.

Aos oito minutos, o principal nome do elenco, que chegou do Manchester City em 2023, quase abriu o marcador com um chute que passou triscando a trave. Pouco depois, aos 21, livre na entrada da grande área, acertou uma batida colocada no canto direito para abrir o placar.

Menos de dez minutos depois, aos 29, Palmer mais uma vez apareceu livre na ponta direita, conduziu até a entrada da grande área e bateu cruzado rasteiro, sem chance de defesa para o goleiro.

Aos 42, foi a vez de o brasileiro João Pedro ampliar. Estreando contra o Palmeiras e fazendo os dois contra o Fluminense, o atacante novamente entrou bem no time e recebeu passe açucarado de Palmer dentro da grande área para fazer de cavadinha.

Na segunda etapa, o time de Paris voltou melhor e levou perigo ao gol do Chelsea logo aos 6 minutos e novamente aos 14, com Dembélé e Vitinha, mas parou em boas defesas do goleiro Robert Sánchez.

Aos 39, foi o Chelsea que quase ampliou, após Delap ganhar a disputa contra Beraldo e chutar em cima do goleiro. Faltando cerca de cinco minutos, o meia português João Neves ainda foi expulso após puxar o cabelo de Cucurella, encerrando qualquer pretensão dos franceses na partida.

Antes de a competição começar, o PSG, que havia conquistado os quatro títulos que disputou na temporada, incluindo a Champions League, era apontado pelos modelos estatísticos como o maior candidato a abocanhar também a taça do novo mundial.

O Chelsea, que venceu a Conference League -uma espécie de terceira divisão da liga europeia–, e terminou em quarto na Premier League, era apenas o sexto favorito, atrás de Manchester City, Bayern de Munique, Inter de Milão e Real Madrid, segundo as projeções do supercomputador da empresa de estatísticas esportivas Opta Analyst.

Desde seu último título da Champions, que lhe rendeu o primeiro mundial contra o Palmeiras, o Chelsea não alcançava o mesmo protagonismo no cenário do futebol europeu.

Em maio de 2022, o clube chegou a passar por uma troca de comando, com o russo Roman Abramovich sendo obrigado a se desfazer da operação por causa da invasão da Rússia à Ucrâni e de suas relações com o presidente Vladimir Putin.

Assumiu em seu lugar grupo financeiro liderado pelo americano Todd Boehly, que investiu cerca de 600 milhões de libras em reforços. Foram contratados nomes de impacto como Raheem Sterling, Koulibaly e Aubameyang, sem que eles conseguissem corresponder às altas expectativas.

Na temporada 2022/23, o time encerrou apenas na 12º posição na Premier League, a pior colocação desde a temporada 1993/94, sendo eliminado nas quartas de final da Champions pelo Real Madrid por 4 a 0 no placar agregado.

Após os resultados decepcionantes, o clube passou a apostar em jogadores mais jovens, mas já comprovados e com alguma rodagem, com a chegada de atletas como Enzo Fernández, Caicedo e Cole Palmer.

Também chegou o técnico Enzo Maresca, ex-auxiliar de Guardiola, que passou a implementar o jogo coletivo com marcação alta e contra-ataques em velocidade pelas pontas consagrado na decisão da Copa.

Na temporada 2023/24, o time já havia alcançado a sexta colocação na Premier League, e a quarta na 2024/25, garantindo lugar na próxima Champions League após duas temporadas, chegando agora com o status agora de campeão mundial.

CHELSEA

Sanchez; Malo Gusto, Chalobah, Colwill e Cucurella; Caicedo, Reece James (Dewsbury-Hall) e Enzo Fernández (Andrey Santos); Cole Palmer, Pedro Neto (Nkunku) e João Pedro (Delap). T.: Enzo Maresca.

PSG

Donnarumma; Hakimi (Mayulu), Marquinhos, Beraldo e Nuno Mendes; Vitinha, João Neves e Fabián Ruiz (Zaire-Emery); Doué (Gonçalo Ramos), Kvaratskhelia (Barcola) e Dembélé. T.: Luis Enrique.

Local: MetLife Stadium, em Nova Jersey (EUA)

Árbitro: Alireza Faghani (AUS)

Assistentes: Anton Shchetinin (AUS) e Ashley Beecham (AUS)

VAR: Bastian Dankert (ALE)

Cartões amarelos: Malo Gusto, Caicedo, Pedro Neto, Colwill (CHE); Nuno Mendes (PSG)

Cartões vermelhos: João Neves (PSG)

Gols: Palmer (CHE), aos 21 min do 1º tempo e aos 29 min do 1º tempo; João Pedro (CHE), aos 42 min do 1º tempo