SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O cânion do Peruaçu, em Minas Gerais, foi reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A decisão foi anunciada neste domingo (13) em Paris, na França, durante a 47ª reunião do Comitê do Patrimônio Mundial.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse em comunicado à imprensa que inclusão do cânion na lista do Patrimônio Mundial da Unesco representa uma conquista para a conservação e a valorização do patrimônio espeleológico brasileiro.
“O sítio reúne ecossistemas de diferentes biomas, um conjunto de cavernas de enorme importância geológica, rica biodiversidade e arte rupestre pré-histórica. É um local que deve ser preservado para a presente e futuras gerações”, afirma.
O local se destaca por sua formação geológica única, resultado do desabamento de uma caverna de 25 quilômetros de extensão, um fenômeno raro no mundo. Entre as maravilhas naturais estão a Gruta do Janelão, com galerias que ultrapassam cem metros de altura, e a Perna da Bailarina, considerada a maior estalactite do planeta. A região ainda abriga 114 sítios arqueológicos, incluindo pinturas rupestres e vestígios de ocupação humana de até 12 mil anos atrás.
O título de Patrimônio Mundial põe o Cânion do Peruaçu ao lado de outros patrimônios naturais brasileiras já reconhecidos pela Unesco, como o Pantanal, os Lençóis Maranhenses e as Cataratas do Iguaçu.
A ministra ressalta que o reconhecimento do Cânion do Peruaçu como Patrimônio Mundial é resultado de um esforço coletivo do governo federal, parlamentares, instituições acadêmicas, sociedade civil e comunidades locais, com especial contribuição do povo Xakriabá. Ela destaca que os saberes tradicionais e o modo de vida sustentável desses indígenas têm sido fundamentais para a preservação histórica da região.
O processo de candidatura foi conduzido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) –responsável pela gestão da unidade de conservação –e o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Formalizado em fevereiro, o pleito propôs a proteção de uma área de 38.003 hectares, equivalente a mais da metade da extensão total do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.
A região apresenta uma convergência única de ecossistemas da Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. A iniciativa busca conciliar a conservação ambiental com o reconhecimento dos direitos territoriais indígenas, criando um modelo integrado de gestão do patrimônio natural e cultural.