Da Redação
Depois de um começo de ano promissor, a arrecadação do governo de Goiás perdeu força e entrou em queda no segundo trimestre de 2025. O sinal de alerta foi acionado com o terceiro mês consecutivo de retração, encerrando junho com uma perda acumulada de 1,57% em relação ao mesmo período do ano passado, já considerando a inflação. O recuo pode comprometer os ambiciosos planos de investimento do Estado para 2025.
O impacto negativo ficou evidente nos dados divulgados pela Secretaria da Economia: após um avanço de 3,41% no primeiro trimestre, a arrecadação total caiu de R$ 9,712 bilhões para R$ 9,560 bilhões no segundo, uma perda real de R$ 152,8 milhões. Em contraste, no mesmo trimestre de 2024, o Estado havia registrado uma alta expressiva de 12,55%.
A principal fonte de perda foi o ICMS, que caiu 1,77% em junho, gerando uma redução de R$ 47 milhões. Mas o baque mais forte, em termos proporcionais, veio do ITCD — o imposto sobre heranças e doações — que despencou 22,4%, tirando quase R$ 23 milhões dos cofres públicos. Em meio a essa desaceleração, o mês de junho terminou com uma arrecadação de R$ 3,244 bilhões, valor R$ 62,9 milhões abaixo do mesmo mês do ano anterior.
Sinais de resistência: IPVA e Protege Goiás sustentam parte da receita
Apesar das perdas, alguns tributos reagiram positivamente. O IPVA, que havia oscilado no início do ano, cresceu 4,21% em junho e arrecadou R$ 183,1 milhões — um ganho de R$ 7,4 milhões. Já o Protege Goiás teve alta de 9,54%, com incremento de R$ 14,7 milhões, somando R$ 169 milhões.
No recorte por setor econômico, o mercado de combustíveis deu um respiro: arrecadação de R$ 774 milhões, alta de 4,47%. A indústria, por outro lado, foi duramente afetada e perdeu R$ 42,7 milhões, uma retração de 6,13%. O atacado e distribuição também encolheram 6,87%, enquanto o varejo cresceu timidamente 0,69%. A energia, que vinha em alta, teve queda de 4,42%.
Semestre fecha no azul — por pouco
No acumulado do primeiro semestre, a arrecadação total cresceu apenas 0,79%, chegando a R$ 18,636 bilhões — um avanço de R$ 146,7 milhões frente ao mesmo período de 2024. O ICMS ainda foi o motor principal, com alta de 1,02% (R$ 148 milhões a mais). O IPVA subiu 6,41% e o Protege Goiás aumentou 9,5%. Por outro lado, o ITCD sofreu retração de 15% no semestre, resultando em uma perda de R$ 79 milhões.
Setores como energia e varejo mantiveram tendência positiva, com crescimentos de 6,37% e 1,5%, respectivamente. A indústria, no entanto, seguiu em queda, recuando 1,77%, e o comércio atacadista e de distribuição teve crescimento tímido de apenas 0,47%.
Riscos para os planos de 2025
Com a previsão de elevar os investimentos em mais de R$ 3 bilhões no próximo ano — alta de 81% em relação a 2024 —, o governo goiano pode enfrentar dificuldades caso a tendência de desaceleração se mantenha. O plano do Estado é aliviar parte da pressão financeira com a adesão ao Propag (Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados), que deve reduzir R$ 1,72 bilhão em encargos da dívida com a União.
Se por um lado há instrumentos para garantir fôlego fiscal, por outro, o comportamento da arrecadação no segundo semestre será decisivo para manter o ritmo planejado. Por ora, o freio nos números acende um alerta no radar da equipe econômica do Palácio das Esmeraldas.