(UOL/FOLHAPRESS) – Pela primeira vez, uma desertora nascida na Coreia do Norte tenta processar o ditador Kim Jong-un e outros quatro funcionários do governo por abusos que ela sofreu enquanto estava presa no país.

Choi Min-kyung diz ter sofrido uma série de violações aos direitos humanos em prisões norte-coreanas. Segundo o relato, ela foi vítima de violência sexual, recebeu socos e chutes pelo corpo, foi forçada a ficar em posições fixas por mais de 15 horas, trabalhou forçadamente, não recebeu comida suficiente e não teve direito à assistência médica.

É a primeira vez que uma vítima nascida na Coreia do Norte entrará com um processo contra o regime. A ação judicial será feita nesta sexta-feira (11) no Tribunal Distrital de Seul, na Coreia do Sul, e foi divulgada nesta quarta-feira (9) por um grupo cívico, o Centro de Banco de Dados para Direitos Humanos da Coreia do Norte. Ela também planeja levar o caso à ONU e ao Tribunal Penal Internacional.

Choi fugiu do país natal para a China em 1977, mas foi repatriada à força em 2008. Após voltar à Coreia do Norte, ela contou ter ficado detida por cinco meses em três centros de detenção, onde teria sido submetida a ”tratamento desumano”.

Estou aqui para exigir que Kim Jong-un e seus subordinados sejam responsabilizados perante a lei. Como vítima de tortura e sobrevivente do regime norte-coreano, tenho a profunda e urgente responsabilidade de responsabilizar a dinastia Kim por crimes contra a humanidade. Choi Min-kyung

Ela se mudou para a Coreia do Sul há 13 anos. Até nesta quinta-feira (10), ela diz sofrer de Transtorno de Estresse Pós-Traumático e precisa tomar medicamentos. ”Meu corpo inteiro ainda testemunha a terrível situação dos direitos humanos na Coreia do Norte”, conta.